Ocupação de UTI para Covid-19 em hospitais privados de SP chega a 84%

Internações aumentaram em 79% das instituições privadas nos últimos 15 dias; para o presidente do SindHosp, faltou o papel do poder público na contenção da pandemia

  • Por Jovem Pan
  • 01/12/2020 16h26 - Atualizado em 01/12/2020 17h00
Marcelo Chello/Estadão Conteúdo No último levantamento, feito entre 16 e 29 de novembro, 44,5% dos hospitais responderam que tiveram aumento das internações por coronavírus

As internações pela Covid-19 aumentaram em 79% dos hospitais privados de São Paulo nos últimos 15 dias, segundo um levantamento realizado pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp). Atualmente, a ocupação média dos leitos de UTI destinados aos pacientes com o coronavírus é de 84%. Ou seja, 40% dos leitos de UTI disponíveis estão sendo destinados para atendimento à Covid-19. A pesquisa do SindHosp apontou, também, que 67% desses hospitais declararam ter capacidade de aumentar o número de leitos, caso necessário. No último levantamento, feito entre 16 e 29 de novembro, 44,5% dos hospitais haviam respondido que tiveram aumento das internações pelo novo coronavírus,

Segundo Francisco Balestrin, presidente do SindHosp, o resultado acende um sinal de alerta. Além disso, ele avalia que faltou o papel do poder público na contenção da pandemia. “Aglomerações estão acontecendo e nada é feito. Os governos têm poder para coibir abusos e não deixar a doença evoluir. Com o aumento das internações nas últimas semanas, o efeito negativo acaba recaindo sobre os hospitais”, destaca. Ele sugere, ainda, que os governos reabram hospitais de campanha e ofereçam mais leitos públicos para atendimento da Covid-19. No total, cerca de 20% (76 hospitais privados) participaram da pesquisa, que abrangeu todos os 17 Departamentos Regionais de Saúde do Estado de São Paulo.

O estudo apurou ainda que 65% das instituições estão mantendo a agenda de cirurgias e atendimentos eletivos. “A manutenção de cirurgias e atendimentos eletivos indica que, por enquanto, é possível manter com cautela essa assistência. Os hospitais têm fluxos distintos e seguros para atendimento de pacientes Covid e não Covid. Além disso, os hospitais responderam que podem ampliar leitos para enfrentar a pandemia, se necessário. O adiamento de cirurgias e atendimentos médicos eletivos traz grandes consequências no agravamento de doenças, especialmente as crônicas como câncer, doenças cardiovasculares e neurológicas, e pode contribuir para o aumento de mortes”, destaca o presidente do SindHosp. De acordo com ele, é importante que a população siga protocolos de segurança, como o uso de máscaras, lavar constantemente as mãos e manter o distanciamento social.

A última atualização do projeto SP Covid-19 Info Tracker mostrou nesta terça-feira, 1º, que 15 das 22 regiões do Estado de São Paulo registram taxa de transmissão (Rt) da Covid-19 acima de 1, o que significa um aumento no potencial da disseminação do vírus. De acordo o levantamento, a região de Ribeirão Preto é a mais preocupante, com um número de reprodução do coronavírus de 2,05 e com um alerta de possível aumento no número de casos nos próximos dias. O Info Tracker conta com pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Universidade de São Paulo (USP) e CEPID-FAPESP CeMEAI (Centro de Ciências Matemáticas aplicadas à Indústria), e com o apoio da FAPESP. Um dia após a reeleição do prefeito Bruno Covas (PSDB), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que o estado, que estava na fase verde (nível 4), regrediu para a fase amarela (nível 3).

 

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