Palocci negocia delação sobre fundos de pensão com procuradoria no DF

  • Por Jovem Pan
  • 07/01/2019 18h33
Werther Santana/Estadão Conteúdo Trajeto de Palocci foi feito de carro, para não causar "exposição" em aeroportos

O ex-ministro Antonio Palocci está em Brasília com advogados para negociar um novo acordo de delação premiada com a Procuradoria da República no Distrito Federal no âmbito da Operação Greenfield, que investiga desvios em fundos de pensão. Ele foi ministro da Fazenda e da Casa Civil nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

A força-tarefa da operação pediu autorização ao juiz Danilo Pereira Júnior – da 12ª Vara Federal de Curitiba (PR) – para que Palocci fosse a Brasília. Ele chegou à capital brasileira na manhã desta segunda-feira (7), viajando a partir de São Paulo, e deve retornar à cadeia na quarta (9). O trajeto foi feito de carro para evitar “exposição” nos aeroportos.

O ex-ministro chegou ao prédio da procuradoria por volta das 9h30 desta segunda-feira. Três horas depois, deixou o prédio para almoçar e retornou às 14 horas para dar continuidade às conversas. Os desvios apurados pela Operação Greenfield focam principalmente nos fundos de pensão da Funcef, Petros e Previ, além de fraudes no FGTS e na Caixa.

Condenação

Palocci foi condenado a 9 anos e 10 dias de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Em setembro de 2016, ele foi preso na Operação Omertà, desdobramento da Lava Jato. Para se livrar da prisão, fechou acordo de delação com a Polícia Federal, homologado pelo desembargador João Pedro Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

No dia 29 de novembro de 2018, o ex-ministro deixou a prisão dois anos e três meses depois de detido para cumprir pena provisória em regime prisional semiaberto domiciliar, com tornozeleira eletrônica. As investigações sobre os fundos de pensão começaram em 2016. Os prejuízos identificados chegam a R$ 54 milhões.

Lula

À PF, o ex-ministro relatou suposta atuação criminosa do ex-presidente Lula para viabilizar o projeto de nacionalizar a indústria naval e arrecadar recursos para “quatro ou cinco” campanhas do PT – em especial, a primeira eleição de Dilma, em 2010 -, a reboque da descoberta do pré-sal. Isso aconteceu por meio da determinação a ex-dirigentes.

Os comandantes dos fundos de pensão do Banco do Brasil (Previ), da Caixa Econômica Federal (Funcef) e da Petrobras (Petros), indicados pelo PT, tiveram que capitalizar um projeto chamado Sondas. Essa operação criou a Sete Brasil, em 2010, para viabilizar no País a construção de navios-sonda, que perfuram os poços de petróleo, para a Petrobras.

A estatal tinha anunciado em 2008 que precisaria de 40 equipamentos para explorar o pré-sal – no mundo, existiam menos de 100. Palocci citou “reuniões” de Lula com os representantes dos fundos, “muitas vezes em conjunto”, outras separadamente. A delação forneceu à PF pistas para confirmação dos encontros, alguns com atas.

O ex-ministro afirmou ter alertado Lula sobre os riscos, por não serem “atas de reuniões, mas sim relatos de ilícitos”. O delator disse ter sido procurado por ex-dirigentes dos fundos, preocupados. “Eles pediam para que eu ajudasse a tirar a pressão do Lula e da Dilma para que eles pudessem ter tempo de avaliar o projeto e fazer de forma adequada.”

*Com informações do Estadão Conteúdo

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