Pará: Governo trabalha para identificar líderes de rebelião em presídio de Altamira

Confronto foi entre as facções Comando Classe A e Comando Vermelho e resultou na morte de 52 presos

  • Por Jovem Pan
  • 29/07/2019 16h29 - Atualizado em 29/07/2019 16h38
Reprodução Ficou definido que os responsáveis serão transferidos para presídios federais

Representantes dos órgãos de segurança pública do Pará foram para o Centro de Recuperação Regional de Altamira nesta segunda-feira (29) para acompanhar de perto as investigações da briga entre as facções Comando Classe A (CCA) e Comando Vermelho (CV), que resultou na morte de 52 presos. O Estado trabalha para identificar os líderes dos grupos.

Em tratativa entre o governador Helder Barbalho e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, ficou definido que os responsáveis serão transferidos para presídios federais. As facções disputam território dentro da unidade prisional.

O incidente aconteceu no início da manhã, por volta de 7h, na hora da destranca. A ação e o fogo foram contidos logo cedo e os envolvidos estão no pátio da unidade prisional. Entre os mortos, 16 presos foram encontrados decapitados. Dos asfixiados, ainda não foi possível remover todos os corpos devido à unidade ser parte de um contâiner, ou seja, as dependências ainda estão quentes por conta do incêndio causado pelos internos.

Como ocorreu o conflito entre o Comando Classe A e o Comando Vermelho

O confronto começou quando os líderes do CCA colocaram fogo em uma cela que pertence a um dos pavilhões do presídio, onde ficavam integrantes do CV. De acordo com o superintendente da Susipe, Jarbas Vasconcelos, devido à unidade ser mais antiga, construída de forma adaptada a partir de um contâiner, com alvenaria, o fogo se alastrou rapidamente e alguns dos internos morreram por asfixia. Nenhum servidor do órgão foi morto.

“Foi um ato dirigido. Os presos chegaram a fazer dois agentes reféns, mas logo foram libertados, porque o objetivo era mostrar que se tratava de um acerto de contas entre as duas facções, e não um protesto ou rebelião dirigido ao sistema prisional”, afirmou Vasconcelos. Não foram encontradas armas de fogo, apenas estoques – facas improvisadas com material precário.

Ainda de acordo com a Susipe, nenhum relatório da inteligência do órgão reportou o ataque e que brigas entre facções ocorrem no sistema prisional, por isso, presos são transferidos diariamente. “Temos protocolos para a maioria dos casos, mas neste específico, não tínhamos informações sobre um ataque dessa magnitude”, destacou.

Seguiram com o superintendente da Susipe para o município o titular da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), Ualame Machado; o comandante geral da Polícia Militar, coronel Dilson Júnior; e o delegado geral de Polícia Civil, Alberto Teixeira.

Situação do presídio de Altamira

O Centro de Recuperação Regional abriga 311 presos. “Não há superlotação carcerária na unidade, mas estamos aguardando a entrega de uma nova prisão pela Norte Energia, que deve ficar pronta até dezembro. Os contâiners não são improvisados, existem há algum tempo, mas com a entrega do noxo complexo como compensação ambiental da empresa, teremos capacidade para 306 internos e ainda uma unidade feminina. Esperamos, assim, ter um espaço mais seguro e moderno na região da Transamazônica”, pontuou.

Em agosto, 485 novos agentes prisionais serão nomeados pela Susipe, os primeiros concursados da história do órgão. Os novos servidores poderão portar armas, o que Jarbas acredita que será uma importante mudança no panorama da gestão dos presídios do Estado do Pará.

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