Para Meirelles, só nome da base terá apoio
Por Andreza Matais e Pedro Venceslau, com colaboração de André Ítalo Rocha, Eduardo Laguna, Emanuel Bomfim, Roberto Godoy e Silvia Araújo
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta segunda-feira, 18, que o candidato da base de Michel Temer na corrida pelo Palácio do Planalto em 2018 deverá fazer parte do que chamou de “estrutura de apoio” do atual governo. A declaração foi dada em entrevista ao Conexão Estadão, da Rádio Eldorado, ao ser questionado sobre a possibilidade de o Planalto encampar a candidatura do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em uma eventual coalizão de centro.
“É uma posição interessante, para dizer o mínimo, estar fora do governo por questões eleitorais, mas querer apoio na eleição. Para alguém ser apoiado pelo governo, precisa ser parte da estrutura de apoio a ele”, afirmou o titular da Fazenda, potencial candidato a disputar a Presidência da República. Meirelles é filiado ao PSD, em entrevista à rádio do Grupo Estado.
O ministro afirmou, porém, que, “dito isso”, Alckmin, que é uma figura “respeitável”, pode até ser o candidato do centro no próximo ano, mas ressaltou que a “lógica” é o governo apoiar alguém de sua estrutura.
O PSDB desembarcou neste mês do governo federal – resta apenas na Esplanada o tucano Aloysio Nunes Ferreira à frente do Ministério das Relações Exteriores. A ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois, se desfilou da legenda na semana passada e continua no comando da pasta. Antonio Imbassahy (BA) e Bruno Araújo (PE) foram, respectivamente, ministros da Secretaria de Governo e das Cidades.
Após assumir a presidência nacional do PSDB, o governador paulista fez gestos de aproximação com o governo federal e conseguiu convencer a bancada da sigla na Câmara a fechar questão – obrigar a votar em bloco – na defesa da reforma da Previdência. Os tucanos querem que Alckmin em 2018 forme uma coligação que represente o centro político na campanha e, para isso, esperam atrair partidos da base aliada de Michel Temer, até mesmo o PMDB.
O discurso de Alckmin na convenção do partido, no dia 9, e o fechamento de questão pela Previdência agradam ao Planalto. Meirelles, no entanto, afirmou que a decisão da legenda terá de ter efeitos práticos. “Não há dúvida de que o fato de o PSDB ter decidido a favor da reforma da Previdência é positivo. Mas depois é aquela velha história: precisa ver o número de votos efetivo no plenário.”
Com 46 deputados federais, o PSDB contabiliza 14 votos pró-reforma, segundo o Placar da Previdência do Estado.
Decisão
O titular da Fazenda afirmou que vai decidir no fim de março ou começo de abril se vai disputar o Planalto. Apesar de ter 2% das intenções de voto nas pesquisas mais recentes, Meirelles afirmou que a chance real de vencer a eleição será o fator decisivo.
“Não há dúvidas de que o candidato precisa ter chances reais de ganhar a eleição. Nenhum partido grande vai fazer lançamento de candidato que não vai ganhar. Isso será o fator da minha decisão até abril. Ninguém vai se candidatar achando que vai perder”, disse Meirelles. O ministro será o protagonista do programa eleitoral do PSD na TV, que será exibido no próximo dia 21.
Questionado sobre uma possível candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de quem foi presidente do Banco Central entre 2003 e 2010, Meirelles elogiou: “Se ele participar, ótimo. Enriquece o debate”. O titular da Fazenda, porém, ressaltou que a decisão da Justiça é “soberana”.
Lula será julgado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) no dia 24 de janeiro, quando será analisada a sentença do juiz Sérgio Moro que o condenou a 9 anos e 6 meses no caso do triplex do Guarujá (SP).
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