Obra do Metrô de SP desaba e abre cratera na Marginal Tietê; trânsito é parcialmente liberado

Circulação de veículos na pista expressa foi retomada por volta das 13h; Defesa Civil afirma que o acidente foi causado por um rompimento na rede coletora de esgoto da Sabesp

  • Por Jovem Pan
  • 01/02/2022 10h38 - Atualizado em 01/02/2022 14h27
Reprodução / Jovem Pan News Cratera na Marginal Análise deve ser feita para ver os riscos de desdobramentos para imóveis e prédios da região após o desmoronamento

Um desmoronamento de parte do asfalto causou a interdição da Marginal Tietê na manhã desta terça-feira, 1, na pista local, sentido rodovia Ayrton Senna. A circulação de veículos foi parcialmente retomada por volta das 13h, porque, segundo o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), “não há risco para a operação” da via. O desabamento aconteceu em uma obra da linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo. Segundo a Defesa Civil, o rompimento de uma rede coletora de esgoto da Sabesp levou à inundação do túnel escavado. O órgão afirma que o acidente teria ligação com o aumento das chuvas no Estado nos últimos dias. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram a construção sendo invadida pelas águas e levando ao desmoronamento de parte da via local. Em rápida coletiva de imprensa concedida no local do incidente, o tucano lamentou o ocorrido, mas destacou que não houve óbitos. “Dadas as circunstâncias, o menor dos problemas. Podia ser algo muito mais grave, se não fosse essa circunstância específica de ter sido atingida uma coletora da Sabesp”, disse. “Muito importante: felizmente, não tivemos nenhuma vítima. Nem com ferimento e muito menos a óbito”, acrescentou.

Inicialmente, o Corpo de Bombeiros chegou a afirmar que o acidente foi causado por um erro na escavação com um “tatuzão”, equipamento de perfuração usado em obras. As principais hipóteses eram que o maquinário teria atingido o Rio Tietê ou que uma adutora teria sido rompida, causando a inundação do túnel escavado e, com isso, o desmoronamento do asfalto. No entanto, a Defesa Civil afirmou que não houve erro na escavação. “A Sabesp está trabalhando para cessar o fluxo de esgotos e assim que for cessado a empresa já entra com reparo no local. Houve um rompimento pelo excesso de água devido às chuvas dos últimos dias. A perícia poderá confirmar o que aconteceu e a Defesa Civil poderá dar um laudo assim que baixar a água e tivermos acesso a um local exato da ocorrência. Não foi o tatuzão.” A análise preliminar do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado (DAEE) não aponta danos no leito e nem nas margens do Rio Tietê. As equipes da DAEE foram até um poço de medição e concluíram que nível e a movimentação da água do rio não foram alterados

À Jovem Pan, o capitão do Corpo dos Bombeiros André Elias afirmou que trabalhadores estavam no túnel no momento do acidente. “Chegamos ao local verificamos junto com metrô e tratavam-se de 50 pessoas no momento exato do rompimento. Por sorte, elas conseguiram escapar ilesas. O que sabemos é que a água invadiu por completo o túnel. Os trabalhadores conseguiram escapar por sorte, porque não teriam o mínimo de espaço para permanecer ali dentro, então seria uma tragédia mesmo”, disse o representante da corporação. Quatro pessoas que tiveram contato com a água foram socorridas e levadas para hospitais da região por precaução. Inicialmente, a informação era de que apenas dois funcionários tinham tido contato com a água contaminada, mas o número foi atualizado para quatro pelo governador João Doria.

“Acredito que agora o Metrô, Prefeitura, a CET, terão que trabalhar em conjunto para fazer o escoamento, ver qual a melhor forma de fazer a vazão da água e a obra possa voltar. Isso não vai ficar pronto em questão de dias”, acrescentou o capitão. Segundo André Elias, uma análise deve ser feita para ver os riscos de desdobramentos para imóveis e prédios da região, assim como para a própria estrutura da Marginal. Ele não descarta risco de desabamento das vias afetadas. “O risco é eminente sim e as faixas precisam ser isoladas. Não tenho informação de quantas faixas serão isoladas e por quanto tempo, o que vai impactar realmente é o tempo, porque essa obra vai demorar”, disse. O porta-voz da Defesa Civil afirmou ainda que, no momento, apenas o local que desmoronou está em risco. “Estamos monitorando e o que pode vir avançar na erosão é o asfalto da pista Marginal. Mas esse avanço está sendo bem lento, estamos monitorando.”

Pelo Twitter, Doria afirmou que determinou a apuração das “causas e elaboração de plano da concessionária responsável pela obra, junto à prefeitura da capital, para normalização do tráfego da Marginal rapidamente”. Em nota, a Secretaria de Transportes Metropolitanos informou que “determinou o isolamento de todo o perímetro e enviou uma equipe para acompanhar a apuração da causa da ocorrência”. “Não há informações sobre vítimas. As causas do acidente serão apuradas, assim como a extensão dos danos à obra e às vias locais”, diz comunicado.  A equipe de engenharia do metrô está no local, assim como a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que confirmou a interdição total das pistas sentido rodovia Ayrton Senna. “Há uma canalização controlada em duas faixas da pista expressa para que os veículos atravessem o ponto da obra com segurança. Agentes de campo da Companhia estão no local orientando os condutores.” A orientação é que os motoristas evitem a Marginal Tietê e as vias da região. A linha 6-Laranja do Metrô fará a ligação entre a Vila Brasilândia, na Zona Norte de São Paulo, até a região central, na estação São Joaquim. Em entrevista concedida no local do acidente, o prefeito da cidade de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) falou que foi criado um grupo de trabalho envolvendo a CET, a Sabesp, a Acciona e a Secretaria de Transportes da capital para trabalhar noc aso. Além disso, o prefeito informou que os engenheiros da Acciona não detectaram instabilidade na pista central, e que ela poderia ser liberada em breve. Entretanto, Nunes pontuou que uma tubulação da Comgás passa pela região e que, uma vez fechada, a circulação poderia voltar no local. “Prevalece a segurança, mas havendo segurança, não tem porque manter o transtorno na cidade de São Paulo”, afirmou.

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