Plano de ataque do PCC em retaliação à transferência de líderes é falso, segundo promotor e governo
São falsas as informações divulgadas em redes sociais e aplicativos de que haveria indícios de planos de ataque do Primeiro Comando da Capital (PCC) em retaliação à transferência de líderes da facção para presídios federais, onde ficarão em isolamento.
De acordo com o promotor de justiça Lincoln Gakiya, que pediu essas transferências, “não procede” o boato. “Inclusive policiais estão compartilhando essas informações e elas não são verdadeiras”, informou ele à Jovem Pan na tarde desta sexta-feira (15).
Um dos que compartilharam a fake news no Twitter foi o cantor Lobão. “Atenção, amigos: há rumores sólidos de que o PCC realizará uma forte operação de retaliação na cidade de São Paulo entre hoje e domingo. Recomenda-se cautela e quem puder ficar em casa que fique.”
No Whatsapp, também estão sendo encaminhadas mensagens de pessoas que “receberam confirmação” de que a facção promoveria ataques “em represália” à “transferência da facção para outros presídios do País”. Todas elas são falsas, segundo o Ministério Público.
ATENÇÃO,AMIGOS:HÁ RUMORES SÓLIDOS DE QUE O PCC REALIZARÁ UMA FORTE OPERAÇÃO DE RETALIAÇÃO NA CIDADE DE SÃO PAULO ENTRE HOJE E DOMINGO.RECOMENDA-SE CAUTELA E QUEM PUDER FICAR EM CASA QUE FIQUE
— Lobão (@lobaoeletrico) February 15, 2019
Polícia
A secretaria paulista da Segurança Pública informou, por meio de nota, que “até o momento, não há quaisquer elementos concretos que indiquem a iminência da eclosão de ações criminosas contra o poder público ou seus agentes como forma de retaliação”.
Ainda segundo a pasta, o comando da Polícia Militar orientou o efetivo “sobre reforço nas medidas de segurança e, especialmente, as ações de ordem operacional são de caráter preventivo e objetivam potencializar a sensação de segurança na sociedade.”
Possibilidade
A discussão sobre possíveis ataques veio à tona a partir das transferências, temidas pela facção – que controla o crime de dentro das prisões. Para o juiz Walter Nunes da Silva Júnior, a possibilidade de atos criminosos como retaliação existe.
“Possibilidade há, porque ela é ‘extramuros’”, afirmou ele, que coordena o Fórum Permanente do Sistema Penitenciário Federal. “Naturalmente, os governos estaduais e mesmo o federal têm já todo um planejamento de evitar eventuais reações.”
Para o magistrado, as facções criminosas foram “criadas e só existem com o poder que têm” por causa das cadeias estaduais. “Fora dos presídios estaduais, elas não teriam essa força, não teriam essa monopolização, não teriam esse poder financeiro.”
Transferências
Na quarta-feira (13), o principal líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho – o Marcola –, foi transferido da penitenciária estadual de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, para uma unidade do governo federal em Brasília.
Além dele, outros 21 integrantes do grupo foram levados para outros presídios de segurança máxima. Segundo o governo paulista, os criminosos foram escoltados pelo Departamento Penitenciário Federal (Depen) e pela Polícia Militar até os novos cárceres.
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