Polícia de SP indicia coordenadores de movimento por desabamento de prédio no Largo do Paissandú

  • Por Jovem Pan
  • 01/02/2019 17h51 - Atualizado em 01/02/2019 17h52
Estadão Conteúdo O incidente, que ocorreu há exatos nove meses, terminou com sete mortos e dois desaparecidos

Três coordenadores do Movimento de Luta Social por Moradia (MLSM) foram indiciados pela Polícia Civil de São Paulo pelo incêndio que provocou o desabamento do Edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandú, centro da capital. O incidente, que ocorreu há exatos nove meses, terminou com sete mortos e dois desaparecidos.

Apontados como líderes dos sem-teto que moravam no local, Nireudes de Jesus Oliveira, Hamilton Coelho Resende e Ananias Pereira dos Santos vão responder em liberdade por crime de incêndio, segundo o G1. De acordo com o Código de Processo Penal, a pena máxima prevista é de seis anos de prisão.

O que diz a polícia

Para a Polícia Civil, os indiciados poderiam ter evitado os riscos do incêndio, que seria previsível. O relatório foi entregue ao Ministério Público Estadual no dia 15 de outubro. Ele é assinado pelo delegado Roberto Krasovic, então titular do 3º Distrito Policial (Campos Elísios), que assumiu o inquérito já com a investigação em curso.

Em nota, o MPE-SP afirma que ainda espera outras diligências antes de oferecer denúncia. “A promotoria aguarda uma resposta do Instituto de Criminalística a respeito das condições do prédio que foram atestadas em laudos apresentados antes do incêndio”, diz o comunicado. “A investigação corre sob sigilo.”

Condições precárias de moradia e incêndio

Segundo investigadores, a principal hipótese é de que o incêndio foi provocado por um curto-circuito no 5º andar. A tese tem como base depoimento da sem-teto Walkiria Camargo do Nascimento, que morava no barraco onde o fogo teria começado. No local, um microondas, uma geladeira e uma televisão estavam conectados a uma mesma tomada, que explodiu.

À polícia, moradores do Wilton Paes de Almeida afirmaram que a energia elétrica vinha de um “gato”, um conexão irregular com um semáforo.

Um laudo de sete páginas, feito pela Prefeitura de São Paulo em janeiro de 2017, também atestava que o prédio “não reunia condições mínimas de segurança contra incêndio”. Entre as irregularidades, não haveria sequer extintores e apresentava disjuntores instalados em placa de madeira com diversos fios expostos.

A precariedade continuava mesmo com os moradores pagamento “aluguel” ao MLSM. A cobrança da taxa, que variava entre R$ 100 e R$ 400, é alvo de inquérito do Departamento de Investigações Criminais (Deic), que também corre sob segredo de Justiça.

Indiciados negam acusação

Em depoimento prestado em maio, Nireudes negou que fosse responsável por arrecadar taxa. “Tinha um grupo de mulheres que se reunia para discutir o que precisava ser arrecadado para, por exemplo trocar uma pia, um chuveiro, e a gente fazia uma espécie de vaquinha. Não tinha aluguel ou taxa”, declarou na época.

Por sua vez, Ananias Pereira dos Santos e Hamilton Coelho Resende negaram que exerciam cargo de liderança do MLSM. “Não sou líder do movimento, só ajudo as pessoas”, disse Ananias, na ocasião.

*Com Estadão Conteúdo

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