Polícia encontra mais uma mala de dinheiro em casa de João de Deus

  • Por Jovem Pan
  • 21/12/2018 16h53 - Atualizado em 21/12/2018 16h54
Divulgação Valores ainda estão sendo contabilizado pela polícia

A Polícia Civil de Goiás apreendeu mais dinheiro, além de pedras preciosas e medicamentos, nesta sexta-feira (21), durante buscas a mais três residências ligadas João de Deus, em Abadiânia (GO). O médium está preso desde domingo (16) e é acusado de abuso sexual. Outra mala com dinheiro já havia sido apreendida em casa dele na quarta (19).

Investigadores ainda estão contabilizando os valores que estavam escondidos dentro de outra mala, em um quarto de João. Um dos alvos desta sexta foi a Casa Dom Inácio de Loyola, onde ele realizava “atendimentos” espirituais. Em um dos endereços, havia ainda um cofre que podia ser acessado a partir de um fundo falso dentro de um armário.

Mala de dinheiro

Na quarta-feira, policiais localizaram uma mala com R$ 405 mil em espécie. O valor estava distribuído em diferentes tipos de moeda – como euros, pesos argentinos, francos suíços e dólares americanos e canadenses. A maior parte do dinheiro era composta por notas de real. A origem dos valores é desconhecida até o momento.

Na apreensão, agentes consideraram “estranha” a quantidade, considerada “anormal” por estar armazenada dentro de uma residência comum. Por causa desse alto valor, é provável ainda que o médium seja investigado também pelo Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro da polícia goiana, no que seria um terceiro inquérito.

Armas de fogo

No mesmo dia, no quarto de um dos endereços de João em Abadiânia, a polícia encontrou cinco armas durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão. Foram apreendidos e encaminhados à perícia dois revólveres de calibre 32, um de calibre 38, uma pistola de calibre 380 e uma garrucha de calibre 22 que tinha a identificação suprimida.

Diversas munições, algumas estrangeiras, estavam com o médium – entre elas, uma de calibre 357, de uso exclusivo das Forças Armadas. Com base nesse material, a Polícia Civil de Goiás decidiu abrir um novo inquérito contra ele, para apurar a posse das armas. De acordo com policiais, o armamento não está registrado na Polícia Federal nem no Exército.

Acusações

O líder espiritual é acusado de abuso sexual por mais de 500 mulheres de sete países diferentes e está detido desde domingo (16), quando se entregou à polícia em uma estrada de terra de Abadiânia. Após as primeiras denúncias, João movimentou R$ 35 milhões, o que acelerou o pedido de prisão, segundo confirmou o Ministério Público.

Polícia Civil indiciou João de Deus na quinta-feira (20) por violação sexual mediante fraude. O crime teria sido cometido contra uma mulher de cerca de 40 anos em 24 de outubro deste ano, durante atendimento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola. O inquérito, o primeiro finalizado contra o médium, será remetido ao MP.

Habeas corpus

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, pode decidir nesta sexta-feira (21) se João de Deus será ou não posto em liberdade. Cabe a ele julgar o terceiro habeas corpus apresentado por advogados do médium, a quem visitou. Para avaliar o caso, o ministro chegou a pedir informações ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O habeas corpus que está sendo apreciado por Dias Toffoli é o terceiro impetrado pela equipe de advogados capitaneada por Alberto Toron. Na quarta (19), o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nefi Cordeiro negou a solicitação do advogado. Um dia antes, na terça (18), o Tribunal de Justiça de Goiás já havia indeferido outro pedido.

O terceiro pedido, apesentado na quinta, foi sorteado para o ministro Gilmar Mendes, que seria o relator. Como o judiciário está em recesso desde as 15 horas de quarta, a ação foi remetida ao gabinete de Toffoli – que, como presidente, responde pelo plantão da Corte no período. O Supremo é a última instância judicial, mas pode caber recurso à futura decisão.

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