Policiais militares são denunciados por morte de catador de recicláveis em São Paulo

Ricardo Silva Nascimento teria enfrentado os policiais com um pedaço de madeira e eles teriam revidado com arma de fogo, desconsiderando a possibilidade de uso de bastões e gás de pimenta

  • Por Jovem Pan
  • 23/07/2019 21h26
Marco Ambrosio/Estadao Conteúdo Carros da polícia militar O catador foi atingido por dois disparos efetuados por um dos PMs e morreu no local

Foram denunciados dois policiais militares acusados de matar o catador de material reciclável Ricardo Silva Nascimento em julho de 2017. Ele foi assassinado na região de Pinheiros, zona oeste de São Paulo. O homem teria enfrentado os policiais com um pedaço de madeira e eles teriam revidado com arma de fogo, desconsiderando a possibilidade de uso de bastões e gás de pimenta que possuíam.

A denúncia foi apresentada à Justiça nesta segunda-feira (22). Será decidido se há elementos suficientes para o recebimento e consequente abertura da ação penal, com oportunidade para apresentação da defesa dos acusados. O caso pode ser levado para júri popular, mas isso não tem prazo para ocorrer.

De acordo com o promotor Hidejalma Muccio, os policiais José Marques Madalhano e Augusto Cesar da Silva Liberali foram deslocados para atender uma ocorrência por volta das 18h na Rua Mourato Coelho, nas proximidades de uma pizzaria. Lá, eles se depararam com Nascimento, que estava exaltado e com um pedaço de madeira nas mãos.

O promotor lembra que os agentes estavam em superioridade numérica e mesmo assim optaram pelo uso da arma de fogo, desconsiderando a possibilidade de emprego de bastões e gás de pimenta. O catador foi atingido por dois disparos efetuados por Madalhano e morreu no local. Segundo o MP, o outro policial apoiou a versão de legítima defesa, o que o caracteriza como cúmplice do crime.

O tenente Antônio Evaristo Rosa Neto, que atendeu a ocorrência, teria alegado que ordenou a remoção do corpo de Nascimento porque ele ainda apresentava sinais vitais, o que o promotor diz que foi desmentido. Muccio solicitou que o caso seja oficiado à Justiça Militar e à Corregedoria da Justiça Militar para apurar a conduta do tenente, que “inviabilizou a adequada perícia no local”.

O caso mobilizou a vizinhança e os colegas de Nascimento. Um protesto foi realizado no dia seguinte à morte, pedindo a responsabilização dos policiais. Na data, a Secretaria da Segurança Pública chegou a afastar cinco policiais militares que atenderam a ocorrência e informou que a Corregedoria acompanhava as investigações. O procedimento dos agentes foi criticado pelo então ouvidor das polícias, Júlio César Fernandes Neves.

* Com informações do Estadão Conteúdo

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