Por problemas no abastecimento de oxigênio, dez pacientes são transferidos de UPA em SP

A unidade de Ermelino Matarazzo e a White Martins negaram a falta do gás; ambulâncias transportaram infectados por Covid-19 para outros serviços de saúde na noite desta sexta-feira, 19

  • Por Jovem Pan
  • 20/03/2021 13h20 - Atualizado em 20/03/2021 15h27
Imagem: Heloisa Ballarini/Secom/Prefeitura de São Paulo UPA de Ermelino Matarazzo, na Zona Leste de São Paulo Consumo de oxigênio na capital paulista aumentou 121% em um mês

Devido à falta de oxigênio, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ermelino Matarazzo, localizada na Zona Leste de São Paulo, precisou transferir dez pacientes durante a noite desta sexta-feira, 19. Procurada pela Jovem Pan, a UPA negou os problemas relacionados à escassez do insumo, mas indivíduos registraram por imagens a fila de ambulâncias que se formou na porta da unidade para transferir os infectados com o novo coronavírus para outros setores de saúde. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que os dez pacientes transferidos seguiram normalmente seus tratamentos, sete no Hospital Municipal Professor Waldomiro de Paula, o Itaquera, e os outros três na AME Luiz Roberto Barradas Barata.

Os números crescentes de infectados e mortos pela Covid-19 têm congestionado os serviços de saúde na capital paulista. Segundo a prefeitura de São Paulo, o consumo de oxigênio registrou alta de 121% no período de um mês e a ocupação das vagas de UTI atingiu 91,5%. A situação crítica se estende por todo o Estado, já que 91,6% dos leitos de UTI da região metropolitana estão ocupados, segundo o último boletim divulgado pela Secretaria de Saúde nesta sexta-feira, 19. O governo do estado não se posicionou sobre o caso, mas afirmou que deve fazer isso em breve. A White Martins, empresa responsável por abastecer as unidades de saúde com oxigênio, registrou que o problema com o insumo é de responsabilidade do sistema público de saúde.

“A White Martins informa que não faltou oxigênio para a UPA Ermelino Matarazzo, mesmo com o consumo do produto na unidade tendo aumentado de forma exponencial, em 16 vezes, saindo de 89 m³ por dia, em dezembro de 2020, para 1.453 m³ em 18 de março deste ano. O sistema de abastecimento de oxigênio na unidade funcionou para que o produto continuasse sendo fornecido ininterruptamente, conforme as normas vigentes no país. Em 19 de março, a UPA  consumiu todo o produto do tanque de oxigênio e, automaticamente, o sistema iniciou o uso da central de reserva de cilindros. A rede interna de distribuição de oxigênio é de responsabilidade dos estabelecimentos assistenciais de saúde. A White Martins tem alertado exaustivamente seus clientes sobre os riscos envolvidos na transformação, sem planejamento adequado, de UPAs em unidades de internação para pacientes com Covid-19. Muitas unidades não possuem redes centralizadas com a dimensão adequada para a expansão do consumo, agravando a condição de fornecimento do gás e levando à percepção equivocada de que há falta de oxigênio”, afirmou em nota.

Em resposta, a Prefeitura da capital confirmou que não houve falta do insumo, mas rebateu a White Martins. “A Organização Social Gestora da unidade alertou a empresa fornecedora, durante toda a sexta-feira, 19, sobre o baixo nível de oxigênio na unidade. Lembramos que os tanques também são monitorados remotamente pela companhia fornecedora. Durante a noite, a unidade chegou a utilizar o seu estoque reserva de oxigênio, mas em nenhum momento houve falta do insumo. As equipes médicas fizeram o monitoramento do estoque e tomaram decisões rápidas e adequadas ao transferir os pacientes. A Secretaria Municipal da Saúde está em alerta para esse tipo de situação”, concluiu.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.