Prefeitura de São Paulo assume o controle das empresas de ônibus investigadas por ligação com o crime organizado

Segundo a administração municipal, objetivo é garantir que o transporte de passageiros não seja afetado e assegurar que Transwolff e UpBus cumpram as obrigações contratuais

  • Por Jovem Pan
  • 09/04/2024 13h11 - Atualizado em 09/04/2024 14h00
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Reprodução/Facebook/Transwolff Ônibus da empresa Transwolff Ônibus da empresa Transwolff

A Prefeitura de São Paulo decretou a intervenção nas empresas concessionárias de transporte coletivo público de passageiros Transwolff e UpBus, suspeitas de serem usadas para lavar dinheiro da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Valdemar Gomes de Melo, diretor municipal de Planejamento de Transporte, foi nomeado o interventor da Transwolff, enquanto Wagner Chagas Alves, diretor de Operação, comandará interinamente a UpBus. Os comitês de intervenção, coordenados pelos respectivos interventores, incluem membros da Controladoria-Geral do Município, da Secretaria Municipal da Fazenda e da Procuradoria Geral do Município. Além disso, terão o apoio da SPTrans e da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo para garantir a continuidade dos serviços de transporte coletivo público de passageiros. Segundo a prefeitura, o objetivo é assegurar que as empresas cumpram as determinações e estipulações contratuais, incluindo a realização de auditorias conforme necessário.

Segundo Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo, as linhas de ônibus operadas pelas duas empresas continuarão funcionando normalmente. “Quando houve ação da Polícia Civil junto da nossa Procuradoria e Controladoria, eu já havia colocado a prefeitura à disposição para investigação. Queria tranquilizar a população de que não haverá desmobilização com relação às linhas, ao atendimento da população, aos fornecedores. Operação normal”, declarou Nunes. Além disso, ele destacou que a intervenção vai durar enquanto as investigações transcorrerem. “As investigações continuam, nós estamos contribuindo. A Prefeitura de São Paulo não vai aceitar, em hipótese alguma, qualquer tipo de desvio de conduta. E essa intervenção será durante o período de investigação.”

A Operação Fim da Linha, desencadeada nesta terça-feira (9), é resultado de uma investigação de quatro anos conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Ministério Público de São Paulo, Receita Federal e Cade. O objetivo é desmantelar a influência do crime organizado no poder público municipal, representando a maior ação já realizada com esse propósito no país. A operação envolve 52 mandados de busca e apreensão em todo o Estado, com a participação de 340 policiais de cinco batalhões da Tropa de Choque da Polícia Militar. Três acionistas das empresas investigadas e um contador tiveram a prisão decretada, enquanto medidas cautelares foram aplicadas contra outros cinco suspeitos. Além disso, foi determinado o bloqueio de R$ 684 milhões em bens dos envolvidos para ressarcimento das vítimas e danos coletivos.

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As empresas, segundo a investigação, fazem parte de um cartel ligado ao crime organizado, visando controlar o Grupo Local de Distribuição do sistema municipal de transportes. Esses lotes de linhas de ônibus foram licitados em 2019, com a maioria concedida a uma única companhia. A UPBus e a Transwolff possuem lotes estratégicos na cidade e são acusadas de integrar a organização criminosa, envolvida em lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas e grandes roubos, como o ocorrido no Aeroporto de Guarulhos em 2021. As movimentações financeiras suspeitas e problemas fiscais levantaram indícios de sonegação fiscal, resultando na inclusão de fiscais da Receita Federal na operação. Sete empresas estão sob investigação, sendo responsáveis por grande parte do transporte de passageiros na capital paulista. A Transwolff, por exemplo, recebeu um volume expressivo de recursos da gestão municipal em 2023, mesmo após a abertura de inquéritos sobre a atuação do PCC no setor. A Jovem Pan procurou as companhias de transporte para comentar sobre a operação, mas não obteve retorno até o momento. O espaço permanece aberto para qualquer manifestação.

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