Premiê do Japão diz que apoia política macroeconômica do governo Temer
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, afirmou nesta quarta-feira em Tóquio, no Japão, que apoia a política macroeconômica e o programa de concessões e privatizações do governo de Michel Temer. A declaração foi feita em dois momentos do encontro bilateral entre os dois líderes políticos. De acordo com o premiê, o Brasil “representa um enorme mercado, e a abertura pode tornar esse mercado ainda mais atraente”.
O encontro entre Temer e Abe, também líder do Partido Liberal-Democrata (PLD, direita conservadora japonesa), era o mais importante da agenda oficial da viagem do presidente brasileiro ao Japão. Foi a primeira vez que um chefe de Estado do Brasil realizou uma visita oficial a Tóquio em 11 anos, e a oportunidade foi encarada pelos dois lados como uma chance de apagar a má impressão diplomática deixada pelas duas viagens canceladas de última hora pela ex-presidente Dilma Rousseff, em 2013 e 2015.
Demonstrando grande abertura ao novo presidente, Abe abriu a reunião bilateral com a presença de ministros dos dois países afirmando a Temer: “Nós apoiamos a política econômica promovida pelo seu governo”.
Cerca de uma hora depois, em uma declaração à imprensa, o primeiro-ministro repetiu a avaliação, que pode ser considerada inusual em termos de diplomacia, já que de praxe os governos evitam avaliações sobre temas internos de países parceiros. “O Japão apoia a política de reformas regulatórias, a criação de novas infraestruturas e o fortalecimento de oportunidades que o presidente Temer está adotando”, disse o premiê japonês.
Segundo Abe, “para as empresas japonesas o Brasil significa oportunidades”. “Nessa ocasião firmamos um acordo para uma agenda na área de infraestrutura”, informou, referindo-se ao “Memorando de cooperação para promoção de investimentos e cooperação econômica no setor de infraestrutura”, assinado por ambos os lados. “Pretendemos que essa relação econômica se fortaleça ainda mais”, reiterou.
Temer disse ter identificado entre os empresários japoneses “um forte interesse em vários projetos do nosso Programa de Parcerias de Investimentos (PPI)”, que inclui 34 projetos de privatizações ou de concessões de infraestrutura em transportes e energia. “Estamos consolidando no Brasil um ambiente de segurança jurídica e de previsibilidade regulatória”, argumentou “São quase 700 empresas japonesas operando no Brasil. Nós queremos que os investimentos japoneses continuem a trazer aportes para o desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro.”
Horas antes – no final da noite de terça-feira em Brasília -, o presidente brasileiro encontrou-se com o imperador do Japão, Akihito, em sua residência imperial, em reunião que durou 28 minutos. No final da manhã, a agenda prosseguiu com um encontro de trabalho com líderes empresariais dos dois países. Na saída do evento, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, elogiou os resultados do encontro, que foi pautado pelo interesse mútuo pelas perspectivas de negócios em torno dos 34 projetos de infraestrutura em portos, aeroportos, ferrovias, rodovias e energia que fazem parte do PPI.
“São projetos que estão atraindo grandes investidores, e o Japão está vendo o Brasil como uma oportunidade”, confirmou Braga de Andrade. “Eles mostraram hoje e nas conversas que tivemos há 15 dias que têm um grande interesse nesses investimentos brasileiros, porque as empresas japonesas precisam do mercado internacional, precisam investir fora do Japão para gerar emprego e desenvolvimento.”
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.