Procurador diz que hacker fabricou mensagens no celular de Joice Hasselmann

Segundo ele, Luiz Henrique Molição instruiu ‘Vermelho’ a enviar uma nota através da conta da deputada

  • Por Jovem Pan
  • 23/09/2019 21h56 - Atualizado em 23/09/2019 21h57
Valter Campanato/Agência Brasil Neto encaminhou para o jornalista, por meio da conta do Telegram da deputada federal, uma nota sobre o MPF

O procurador da República Wellington Divino Marques de Oliveira apontou indícios, em representação pela segunda fase da Operação Spoofing, de que os hackers que invadiram celulares de mil autoridades chegaram a fabricar mensagens no aparelho da líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL).

Segundo o procurador, “foram encontradas conversas do aplicativo Telegram em que Luiz Henrique Molição”, preso na última quinta-feira (19), “instrui Walter Neto (“Vermelho”) a enviar uma nota para um jornalista através da conta da deputada federal Joice Hasselmann, sendo que, após uma breve troca de opiniões, os dois escolhem o destinatário da mensagem falsa”.

“Vermelho”, suposto líder dos hackers, foi preso na primeira etapa da Operação Spoofing, deflagrada em 23 de julho. Apontado como líder, ele confessou ter mantido contato com o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept, que tem divulgado os diálogos atribuídos a Sergio Moro, Deltan Dallagnol e outros procuradores da Lava Jato.

“Pelos diálogos analisados, foi possível constatar que realmente Walter Neto encaminhou para o jornalista, por meio da conta do Telegram da deputada federal, uma nota intitulada “O governo já deixa vazar que considera MPF como inimigo”, texto que teria sido elaborado pelo próprio Luiz Molição”, diz o procurador.

No mesmo dia, a parlamentar postou um vídeo, em suas redes sociais, afirmando que seu celular havia sido invadido, o que corrobora “a veracidade do diálogo analisado”, de acordo com Oliveira.

Segundo o procurador, “em uma das imagens divulgadas por Joice, é possível ver no registro de chamadas do aparelho telefônico da parlamentar um número de telefone internacional de Telegram, que é utilizado para realizar as ligações automatizadas que informam o código de acesso do aplicativo, fato consistente com o modo de ataque empregado por Walter Neto”.

“Na mesma imagem, também é possível verificar o registro de uma ligação telefônica do jornalista, que foi o responsável por informar a parlamentar sobre invasão de sua conta no Telegram, conforme reportagens que repercutiram o ataque”, relata.

O procurador expõe ainda relatório da PF que mostra notificação gerada pelo aplicativo Telegram, em que Molição e Neto” percebem que o repórter provavelmente iria ficar ainda mais desconfiado em relação à mensagem enviada em nome da deputada, motivo pelo qual Walter pede a Molição para que abra o programa PIA – Private Internet Access, usado pelo grupo para dificultar o rastreamento da conexão aos aparelhos”.

“Após Molição responder que já estava ligando o programa PIA, Walter envia o número telefônico de Joice e dois códigos numéricos, que seriam os códigos de acesso do aplicativo da parlamentar”, afirma o relatório.

“Após Luiz Molição confirmar ter acessado o Telegram da deputada federal Joice Hasselmann, Walter Neto mostra a mensagem do telefone da parlamentar indicando que um novo login havia sido detectado na conta. A mensagem enviada pelo aplicativo de comunicação mostra a presença de 3 aparelhos conectados na conta da parlamentar, sendo duas nos Estados Unidos referentes aos endereços do IP do provedor PIA utilizados simultaneamente por Walter Delgatti Neto e Luiz Henrique Molição”, conclui.

* Com informações do Estadão Conteúdo

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