Ramagem deve depor à Polícia Federal sobre ‘Abin paralela’ nesta quarta-feira
Deputado é investigado por suposto esquema de espionagem ilegal de autoridades durante sua gestão na agência de inteligência; ele nega e diz que operação foi usada para prejudicar sua pré-candidatura
O relatório da Polícia Federal sobre as investigações paralelas da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) foi contestado publicamente pelo deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) em seu perfil no X (antigo Twitter). Ramagem, ex-diretor da Abin, é acusado de uso político da agência de inteligência e deve comparecer à Polícia Federal na próxima semana. Ele foi intimado a prestar depoimento na quarta-feira (17), na Superintendência da PF no Rio de Janeiro. O parlamentar é investigado por um suposto esquema de espionagem ilegal de autoridades federais. Os agentes federais buscam esclarecimentos sobre indícios encontrados nas últimas fases da operação Última Milha, deflagrada nesta semana.
Um áudio de aproximadamente um minuto e oito segundos, encontrado no computador de Ramagem, sugere a instauração de um procedimento administrativo contra auditores da Receita Federal para anular a investigação das rachadinhas, que tinha como alvo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Segundo a Polícia Federal, o tema foi debatido com o ex-presidente Jair Bolsonaro e com o ministro Augusto Heleno, que comandava o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). A gravação, na avaliação preliminar dos investigadores, evidencia o uso da estrutura da Abin para retaliar os auditores que investigaram Flávio, configurando um possível uso inadequado e político do cargo.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, criticou o aparelhamento da Abin, afirmando ser inaceitável que alguém utilize uma função pública para fins políticos e perseguição de pessoas. Nesta sexta-feira, Ramagem usou as redes sociais para negar o uso dos sistemas da Abin para interferir em processos ligados ao senador Flávio Bolsonaro, afirmando que a demanda foi resolvida por meios judiciais. O deputado do PL comentou que a Procuradoria Geral da República foi contrária às prisões ocorridas no âmbito das investigações, mas a Justiça desconsiderou essa manifestação. Ele atribuiu o avanço das apurações da Polícia Federal às eleições municipais, afirmando que “no Brasil nunca será fácil uma pré-campanha da oposição”. Ramagem, que é pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do atual prefeito Eduardo Paes (PSD).
Além de Ramagem, outras pessoas são investigadas na operação contra a suposta espionagem de autoridades. As prisões decretadas na última quinta-feira foram mantidas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Entre os detidos estão Mateus de Carvalho Esposito, ex-funcionário da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, o empresário Richard Dier Poser, o influenciador digital Rogério Beraldo de Almeida, o policial federal Marcelo Araujo Bormet e o militar do Exército Jean Carlo Gomes Rodrigues. As prisões foram mantidas após audiência de custódia realizada por um juiz instrutor do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, mas a justificativa para a manutenção das prisões ainda não foi divulgada.
*Com informações do repórter André Anelli
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