Retinoblastoma: saiba como identificar e quais os tratamentos para o câncer infantil que atinge os olhos

Aproximadamente 400 crianças são diagnosticadas por ano no Brasil; no sábado, o apresentador Tiago Leifert revelou que sua filha luta contra a doença

  • Por Jovem Pan
  • 30/01/2022 08h00
senivpetro - br.freepik.com Garotinha é examinada por uma oftamologista Noventa e cinco dos pacientes de retinoblastoma têm menos de cinco anos

O apresentador Tiago Leifert abriu o coração no sábado, 29, e, ao lado de sua mulher, a jornalista e youtuber Daiana Garbin, revelou o drama pessoal que o afastou da Globo. Lua, a filha do casal, de 1 ano e 3 meses, está com um retinoblastoma, um raro tipo de câncer infantil que se desenvolve na retina. De acordo com o Hospital Albert Einstein, aproximadamente 400 crianças são diagnosticadas por ano no Brasil com a doença. Noventa e cinco por cento são pacientes abaixo dos cinco anos. Além do Einstein, a Jovem Pan consultou a Rede D’Or São Luiz, o Ministério da Saúde, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) e a ONG Oncoguia para mostrar quais são as causas, os sintomas, como fazer o diagnóstico precoce e os tipos de tratamento.

Causas

O retinoblastoma pode ser unilateral (quando atinge apenas um olho) ou bilateral (tumor nos dois olhos). O primeiro caso é mais comum. De acordo com o Inca, corresponde a 75% dos diagnósticos da doença. Destes, 90% surgem da mesma forma que outros tipos de câncer (mutação em alguma célula). Já o bilateral, hereditário e presente em 25% dos pacientes, é caracterizado pela ocorrência de mutações do gene RB1. Segundo Leifert, sua filha tem o tumor nos dois olhos, mas já enxerga bem do lado esquerdo. “O direito ainda precisa de mais cuidados”, declarou.

Sintomas

Os pais devem ficar atentos principalmente à leucocoria, um reflexo branco na pupila, popularmente conhecido como reflexo do olho de gato. Ela está presente em 90% dos casos diagnosticados. A mancha esbranquiçada, segundo o Einstein, indica que uma fonte luminosa está incidindo sobre a superfície do tumor e impede a passagem de luz. Foi desta maneira que Leifert percebeu que havia algo errado com Lua. “A gente teve muita sorte ao descobrir, porque a Lua sempre enxergou tudo. Só que o Tiago começou a perceber um movimento estranho no olhinho”, relatou Garbin. É possível identificar a leucocoria apontando uma luz branca sob os olhos da criança ou até mesmo por meio de uma foto com flash. Fotofobia, estrabismo, heterocromia, sangramento em alguma parte do olho e vermelhidão são outros sinais que requerem atenção. Em fases mais agudas, o paciente pode apresentar dores de cabeça, dores nos olhos e globo ocular maior do que o normal (o que pode até afetar a visão parcial ou total).

Diagnóstico

Não há nenhuma forma de prevenir o retinoblastoma, mas, quanto mais cedo descobri-lo, melhor. “O estágio avançado de doença se correlaciona com o atraso no diagnóstico”, alerta o Inca. Recomenda-se a visita a um oftamologista antes de a criança completar um ano, apresentando ou não os sintomas. A visita a um profissional se torna obrigatória quando os pais identificam os sintomas relatados, sobretudo a leucocoria. O levantamento do histórico familiar, o exame de fundo do olho e a ressonância nuclear magnética de órbita são ferramentas preciosas para o diagnóstico preciso. Geralmente, não é necessária a confirmação por biópsia.

Tratamento

As chances de cura são estimadas em 90%. “O principal objetivo do tratamento é eliminar o tumor, salvando a vida da criança, preservando a visão e o olho, além de prevenir a volta do câncer”, destaca o São Luiz. No entanto, o diagnóstico tardio costuma deixar sequelas. Mais de 50% dos pacientes acabam submetidos à enucleação (remoção cirúrgica do globo ocular). As abordagens, em muitas ocasiões, são combinadas.

Confira os principais tratamentos:

  • laserterapia (para os tumores menores);
  • crioterapia (congelamento e destruição do tumor);
  • quimioterapia (redução do tamanho do tumor para prevenir sua multiplicação);
  • radioterapia (outra técnica que consiste em reduzir o tumor);
  • quimioterapia intra-arterial (injeção do quimioterápico na artéria que fornece sangue ao olho);
  • enucleação (retirada do globo ocular via procedimento cirúrgico);
  • transplante de medula óssea (quando a doença reaparece fora do olho);
  • transplante de célula tronco (quando a doença se dissemina para fora do olho).

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