Romaria na pandemia: ‘Foram muitas as tribulações, mas nunca pensei em desistir’, diz devoto
Percorrendo o ‘Caminho da Fé’ pela primeira vez, o autônomo Robson Dias conta como foi sua experiência de caminhar 230 km em cinco dias
No dia 12 de outubro é comemorado o Dia da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Conceição Aparecida e, por ser feriado, o Santuário Nacional localizado no município de Aparecida, em São Paulo, costuma receber muitos fiéis nesta data. Apesar das restrições impostas pela pandemia de Covid-19, alguns romeiros se arriscaram na caminhada pela fé e percorreram longas distâncias. Foi o caso de Robson Dias, autônomo, morador da zona sul da capital, que fez sua primeira romaria à pé até a Basílica, percorrendo 230km em cinco dias.
Em entrevista à Jovem Pan, o romeiro explicou que sempre teve vontade de fazer o trajeto e, junto com amigos, decidiu dar o primeiro passo. “Procurei um sacerdote para conversar, fui informado que teria que ter um propósito, entrei em oração e Deus me mostrou. Então comecei a treinar com caminhadas diárias”, disse Robson. Ele e um grupo de 69 pessoas saíram da Praça da Sé na quarta-feira, dia 7, e fizeram o trajeto pela Via Dutra, chegando ao destino na manhã desta segunda-feira, 12. O grupo teve o apoio de dois caminhões e uma van para suporte.
“A experiência é maravilhosa, você se entrega em oração para Deus e as coisas vão acontecendo. A romaria é separada em três cores (bastões). Quem está mais disposto vai na primeira elite, o verde; a segunda é a amarela para quem caminha sem tanta rapidez e a última é a vermelha, para quem está mais debilitado. Nós vamos conversando com os pelotões”, explicou. Robson ficou no primeiro grupo e, como chegava cedo nas paradas, conseguia descansar um pouco mais até a chegada do último pelotão. Café da manhã, almoço e janta é fornecido pela equipe de apoio, mas nem tudo é fácil.
“Se vai encontrar um banho só Deus que sabe, é por providência divina mesmo. Tribulações foram várias, mas em nenhum momento pensei em desistir. Nesses momentos entrava em oração”, contou. A parte mais difícil do trajeto para ele foi a forte chuva que caiu no estado na sexta-feira (9). “Foi uma parte difícil. Estava molhado, com frio e no pior percurso da rodovia”, disse. As paradas, segundo ele, foram de muita ajuda. “Mesmo com a pandemia tinha bastante peregrino. Achamos que não teria muita assistência, mas muitas pessoas se doaram e ficaram na estrada doando água, frutas, pão ou só palavras de incentivo”, comentou.
Aparecida do Norte na pandemia
Desde que foi decretado a pandemia da Covid-19 e o estado de São Paulo entrou em fase de restrições de circulação e eventos, as missas na Basílica de Nossa Senhora Aparecida foram suspensas ao público e eram transmitidas pela TV Aparecida. No último mês os devotos puderam voltar, mas com distanciamento e máscara. Na festa mais tradicional do Santuário, houve apenas uma missa para mil fiéis, com assentos bloqueados para manter o distanciamento social. Robson não conseguiu assistir à celebração. “Para ver a imagem tinha que pegar uma fila quilométrica que entravam só 50 em 50 pessoas, todos com máscara e usando álcool em gel”, comentou. Perguntado se indicaria a romaria a outras pessoas, ele respondeu. “Claro, é um retiro espiritual, só você e Deus, mas é importante fazer exames e treinar muito”.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.