Saiba como evitar ou lidar com a ressaca do Réveillon
Principais dicas são beber água antes, durante e depois do consumo de álcool e estar com barriga cheia antes de começar
Assim como boa parte das celebrações ao longo do ano, o Ano Novo é uma festa comumente regada ao consumo de bebidas alcoólicas nas casas dos brasileiros. Se você pretende mesmo consumir champanhe, outros tipos de vinho ou outras bebidas, há diversos cuidados que pode tomar antes, durante e depois da primeira dose, taça ou lata. A principal dica é tomar água em todos os momentos, evitando desidratação ou ao menos mitigando os efeitos, já que o álcool tem um efeito diurético, que faz o corpo perder H2O.
“Colocando de forma simples, essa sensação de ressaca ocorre porque há uma inibição do hormônio que, de certa forma, controla a perda de líquidos do organismo. Então deixamos sair mais líquidos e eletrólitos, como sódio, potássio e magnésio, o que gera essa sensação de mal-estar”, explica a gastroenterologista Jozelda Lemos Duarte, que é membro da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG). Antes mesmo de começar a beber, já se pode prevenir a dor do dia seguinte. “O primeiro cuidado é estabelecer um limite de consumo antes de iniciar o encontro social, assim evita exageros. Além disso, é importante intercalar o consumo de bebida alcoólica com água ou sucos pouco calóricos para manter a hidratação”, comenta a nutricionista Deborah Lestingi.
“Também sempre é bom procurar ingerir o álcool com o estômago mais protegido, ou seja, após ingerir alimentos. Ao se ingerir álcool com estômago vazio, a tendência é aumentar a agressão que a bebida provoca nas paredes do estômago e do intestino, e também a absorção pelo organismo, então os efeitos serão maiores”, indica Jozelda, ressaltando que o melhor a se consumir enquanto se bebe são alimentos com digestão rápida e ricos em líquidos e eletrólitos. Frutas são boas opções de alimentos para antes e durante. Já os de digestão mais difícil, como frituras ou alimentos que têm muita gordura, não ajudam tanto. Assim, deixar para começar a beber depois da ceia pode ser uma boa escolha. A médica também não indica medicamentos à base de ácido acetilsalicílico, que pode agredir a parede do estômago.
Se a precaução não deu certo e você acordou com aquela dor de cabeça e enjoo, também há soluções. “Priorizar o consumo de líquidos, como água de coco e bebidas isotônicas, e evitar o consumo de fontes de gordura, como frituras, molhos, amendoim, castanhas, ovos etc.”, aponta Lestingi. Comer alimentos ultraprocessados ou gordurosos pode piorar os sintomas, enquanto frango, peixe e principalmente as frutas ricas em líquidos e os sucos naturais são boas opções. A água é importante para repor o líquido perdido.
Apesar da ocasionalidade das festas de fim de ano, o consumo de álcool a longo prazo pode causar diversos problemas de saúde — não só quando se exagera com frequência, avisa Lemos Duarte. “Um alerta em relação ao consumo regular de bebida alcoólica: tomar uma ou duas doses por dia não é alcoolismo com dependência, a princípio, mas é um consumo costumeiro, regular, que pode provocar danos irreversíveis. O consumo de duas doses diárias de drinks por mulheres, ao longo de cinco anos, ou de três doses diárias por homens, ao longo de dez anos, ainda pode levar a doenças sérias de fígado, de rins ou mesmo do coração”, alerta a médica.
Se você já está em uma dieta ou pensa em começar uma no ano novo, fique tranquilo: as festas não vão necessariamente estragar o propósito, embora o álcool atrapalhe em determinada medida a curto prazo. “Além da caloria, tanto do álcool quanto dos outros ingredientes que compõem a bebida, sempre a acompanhamos com alimentos bastante calóricos, principalmente nas festas de fim de ano. Além disso, o álcool inibe o processo de síntese proteica assim como aumenta o processo de síntese de gordura, indo totalmente contra os objetivos de emagrecimento e ganho de massa muscular. Contudo, o processo ‘estar de dieta’ não significa estar de ‘mãos amarradas’. O fim do ano é um processo festivo, e assim como todos os outros que ocorrem ao longo do ano, não há motivos para exageros. Devemos desassociar o ‘comer exageradamente’ do ‘se divertir’ e entender que é natural ter uma refeição atípica, só não precisa comer grandes quantidades”, avalia Lestingi. Portanto, não precisa se culpar pelos excessos: é só dar o primeiro passo para cumprir a promessa.
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