“Se cometeu irregularidades, que responda por elas”, diz Cunha sobre seu delator
O presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) reagiu, nesta sexta-feira (1), às afirmações do ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Fábio Cleto, que acusa o parlamentar de receber propinas em 12 operações de grupos empresariais que obtiveram aportes milionários do Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS). Cleto é um dos delatores da Operação Lava Jato.
Cunha pontuoui que desconhece “o conteúdo da delação” e que, por isso, não poderia comentar detalhes, “reitero que o cidadão delator foi indicado para cargo na Caixa, pela bancada do PMDB/RJ, com meu apoio, sem que isso signifique concordar com qualquer prática irregular. Desminto, como aliás já desmenti, qualquer recebimento de vantagem indevida. Se ele cometeu irregularidades, que responda por elas”.
“Desafio qualquer um a provar a veracidade dessas delações como também qualquer vinculação, de qualquer natureza, com as contas mencionadas por esses delatores”, declarou o deputado afastado.
Em depoimentos prestados à Procuradoria-Geral da República (PGR), o delator contou que Cunha cobrava comissões variáveis de 0,3% a 0,5% ou até mais de 1% dos repasses feitos pelo fundo, conforme fonte com acesso às apurações.
Cleto foi vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, entre 2011 e dezembro do ano passado, indicado ao cargo pelo peemedebista, integrando também o Comitê de Investimento do FI-FGTS, colegiado que aprova os repasses de recursos em empresas.
Aos procuradores da Lava Jato, o gestor contou que tinha reuniões semanais com o político, em Brasília, para informar de forma pormenorizada quais grupos buscavam apoio do banco público e definir quais seriam os alvos do achaque.
Seleção
Em depoimentos de delação premiada, Fábio Cleto disse que Eduardo Cunha decidia quais empresas deveriam receber aportes do Fundo de Investimento do FGTS. Ao tomar conhecimento dos valores pleiteados pelas companhias, explicou o colaborador, o deputado indicava quais lhe interessavam e pedia que o dirigente trabalhasse para aprová-los.
Uma fonte com acesso às investigações explicou que o deputado mandava reprovar os investimentos que fossem de interesse do PT. Nesses casos, a ordem seria para “melar” os aportes.
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