Substituto de Moro: Autonomia da PF não significa ‘soberania de atuação’

O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, também disse ser “ilusório pensar” que qualquer presidente, ministro ou político tem poder de ingerência na corporação

  • Por Jovem Pan
  • 03/07/2020 15h51
Frederico Brasil/Futura Press/Estadão Conteúdo Ministro de Estado discursa publicamente André Mendonça é o atual ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil

Substituto de Sergio Moro no cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça disse nesta sexta-feira, 03, ser “ilusório pensar” que qualquer presidente, ministro ou político tem poder de ingerência na Polícia Federal. Mendonça assumiu a pasta após Moro sair do governo alegando que o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir politicamente na corporação. O caso é apurado em inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). “Elucubrar uma interferência no trabalho da Polícia Federal é impensável. E não é nesse governo. É em qualquer governo. Qualquer governo que tente isso não vai ter êxito. Pelo contrário. Terá contra si uma avaliação não só política, mas de uma situação de risco jurídico evidente”, disse o ministro, em live promovida pelo BTG Pactual.

Mendonça ponderou, por sua vez, que a autonomia e independência da corporação não “significa soberania de atuação”. “Eu, como ministro, demando atuação efetiva da PF, cobro resultado, quero saber se estão fazendo operações, quais dificuldades estão tendo. Seria irresponsável se eu não o fizesse, se presidente da República não cobrasse isso”, disse. “O que a gente cobra é que persigam crime de modo parcial, de modo isento, sem perseguição de grupo A ou B, que tenham atuação responsável”, continuou.

Na reunião ministerial do dia 22 de abril, que se tornou pública após decisão da Justiça, Bolsonaro afirmou que não poderia “viver sem informação” e ser “surpreendido com notícias”. “Eu não posso ser surpreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações”, disse o presidente na ocasião. Ao sair do Ministério da Justiça, Moro alegou que a reunião seria uma prova da tentativa de interferência do presidente na PF.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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