Temer pretende denunciar rombo em pronunciamento

  • Por Estadão Conteúdo
  • 19/05/2016 11h30
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EFE/ Antonio Lacerda Serra

O presidente Michel Temer vai fazer uma “prestação de contas” ao País e revelar como encontrou a situação do governo, principalmente na economia. Em café da manhã com senadores, na última quarta-feira (18), Temer foi aconselhado a “abrir a caixa-preta” da administração de Dilma Rousseff e disse que, quando tiver os números exatos da gravidade do rombo nas contas públicas, irá divulgá-los à sociedade. Pelas estimativas de sua equipe, o buraco ultrapassa a casa dos R$ 150 bilhões.

“Eu estou aqui há seis dias, mas parece que estou há cinco anos”, queixou-se o presidente em exercício aos senadores aliados, numa referência às cobranças recebidas. “Cada dia aqui tem de valer por dois.”

O peemedebista encomendou aos ministros um inventário de todos os programas da gestão Dilma e as deficiências encontradas em cada pasta. Os parlamentares sugeriram que ele faça um pronunciamento à Nação ainda nesta semana, para apresentar o que os aliados chamam de “herança maldita”, termo usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em referência à situação brasileira na época de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso.

Ao ouvir a sugestão, Temer disse que prefere anunciar o rombo em uma entrevista ou em um comunicado, que também seria divulgado pelas redes sociais. O formato do anúncio ainda está sendo definido.

No Palácio do Planalto, ministros do PMDB dizem que o Brasil vive “a maior crise econômica de toda a sua história.”

Resistência

A seis quilômetros dali, no Palácio da Alvorada, já transformado em quartel general da resistência ao impeachment, a presidente afastada tem uma equipe que prepara respostas para se contrapor a Temer. Dilma vai criar um site próprio e cada vez mais usar as redes sociais para defender seu mandato.

“A gente já sabe que o déficit é maior do que o que está lá. O governo anterior também sabia”, afirmou o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. A previsão de déficit para 2016, deixada pela gestão petista, foi de R$ 96,6 bilhões. Auxiliares de do atual presidente calculam, porém, que o buraco pode ser muito maior.

O chefe do ministério chegou a dizer que a situação econômica é tão difícil que, se o governo não tomar medidas com urgência, pode não conseguir pagar nem mesmo os salários dos servidores públicos. O “buraco”, explicou, atinge também a área social.

No caso da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), por exemplo, a nova equipe afirma que a verba de publicidade do governo para 2016, na ordem de R$ 152 milhões, já havia sido consumida pela gestão dilmista. Assessores da presidente afastada negam.

Reavaliação

De qualquer forma, Michel Temer mandou reavaliar os contratos de publicidade, em execução com todos os tipos de mídia, e vai deixar de repassar recursos para blogs que eram alinhados ao petismo.

Um interlocutor do presidente em exercício disse ao jornal O Estado de S. Paulo que Temer chegou a telefonar para o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, pedindo a liberação de recursos para a área de cultura. Apesar da extinção do Ministério, que virou secretaria, a nova equipe afirma ter encontrado dívidas vencidas ali na magnitude dos R$ 232 milhões. 

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