Twitter e Facebook suspendem contas de bolsonaristas após decisão de Moraes

O presidente do PTB Roberto Jefferson e o blogueiro Allan Santos estão entre os atingidos; a assessoria do STF confirma que a suspensão se deu após decisão do ministro

  • Por Jovem Pan
  • 24/07/2020 14h51 - Atualizado em 24/07/2020 16h56
Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil ministro alexandre de moraes O ministro Alexandre de Moraes

O Twitter e o Facebook suspenderam contas de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro nesta sexta-feira (24), após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Entre os perfis apagados estão o do presidente do PTB Roberto Jefferson, do blogueiro Allan Santos, dos empresários Luciano Hang, Edgard Corona, Otávio Fakhoury, Bernardo Küster e Sara Winter. Entre os perfis apagados no Twitter estão o do presidente do PTB Roberto Jefferson, do blogueiro Allan Santos, dos empresários Luciano Hang, Edgard Corona, Otávio Fakhoury, Bernardo Küster e Sara Winter. Já no Facebook, a página de Hang, Satons e Sara também estão fora do ar. As empresas não detalham quantas contas foram suspensas

Os nomes atingidos nesta sexta foram alvos de busca e apreensão em maio, em um desdobramento do inquérito das fake news. Na época, Moraes havia determinado o bloqueio das redes sociais para 16 investigados no inquérito aberto pela própria Corte para apuração de disseminação de informações falsas e ameaças contra ministros. A assessoria de imprensa do STF confirmou à Jovem Pan a informação de que as contas foram suspensas após decisão de Moraes, proferida em 27 de maio. Em nota, o Twitter afirma que agiu “estritamente em cumprimento a uma ordem legal proveniente de inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF)”. O Facebook declarou apenas que “respeita o judiciário e cumpre ordens legais válidas”. Ainda no mês de maio, após ser alvo do inquérito, o deputado Roberto Jefferson disse em entrevista exclusiva ao Os Pingos Nos Is, que a busca e apreensão em sua casa tratou-se de uma “ação mandatória” de Moraes.

Segundo as investigações, o blogueiro Allan dos Santos foi identificado pela Polícia Federal (PF) como um dos “influenciadores” do esquema de divulgação de ofensas e fake news contra o Supremo. O inquérito aponta ainda que foi detectada a existência de um “mecanismo coordenado de criação e divulgação” das mensagens contra ministros. Os perfis de influenciadores utilizavam seus seguidores para criar hashtags que atacassem o STF, para só então reproduzi-las em suas contas. Dessa forma, ficariam seguros de que não foram eles os responsáveis pela criação das hashtags. A PF identificou indícios que as publicações sejam disseminadas por meio de robôs com o objetivo de atingir número expressivo de leitores – o mecanismo seria financiado por empresários “de maneira velada”. Uma busca no Twitter entre 7 e 11 de novembro do ano passado identificou publicações que utilizavam termos de ataques contra a Corte, como #STFVergonhaNacional e #STFescritóriodocrime, além dos nomes dos ministros e palavras-chaves como Impeachment e Supremo.

Em comum, ao menos onze perfis “influenciadores” que se seguem foram identificados, incluindo Allan dos Santos. Um dos exemplos citados pela PF ocorreu no dia 07 de novembro, quando os “influenciadores” iniciaram ataques dizendo que o STF é “uma vergonha”, clamando por impeachment contra os ministros, mas sem utilizar a hashtag #ImpeachmentGilmarMendes. A hashtag foi criada por seguidores dessas contas, que passaram a responder os perfis “influenciadores” utilizando o termo. Somente no dia 11 de novembro que dez dos onze perfis investigados passaram a utilizar a tag para impulsionar o ataque, de forma a alcançar o “trend topics” (assuntos mais comentados) do Twitter. “Assim, os perfis influenciadores não apareciam como criadores da hashtag que simboliza o ataque”, aponta a PF.

O dono da rede de lojas de departamento Havan, Luciano Hang, é suspeito de participar do núcleo financeiro supostamente responsável pelo impulsionamento de vídeos e materiais “contendo ofensas e notícias falsas com o objetivo de desestabilizar as instituições democráticas e a independência dos poderes”. Empresários do grupo autodenominado “Brasil 200 Empresarial” são suspeitos de pagar pela divulgação dos conteúdos nas redes sociais. O empresário Otávio Fakhoury afirma que foi surpreendido com a suspensão de suas contas em redes sociais. De acordo com o advogado João Manssur, que representa Fakhoury, a medida é desproporcional e contrária ao princípio da liberdade de expressão. O advogado afirma que já havia impetrado habeas corpus contra a decisão de Moraes, relator do inquérito. O Procurador Geral da República, Augusto Aras, opinou pela concessão da ordem pleiteada para que sejam desbloqueado os perfis de Fakhoury das redes sociais. Porém, os perfis do empresário foram bloqueados nesta sexta.

*Com informações do Estadão Conteúdo

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.