Um mês após desaparecimento de três crianças em Belford Roxo, família segue sem respostas
Lucas, Alexandre e Fernando, de 8, 10 e 11 anos, desapareceram após sair para jogar futebol em uma favela da cidade da Baixada Fluminense; família não tem pistas
Nesta quarta-feira, 27, o desaparecimento de três crianças moradoras de uma favela na cidade de Belford Roxo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, completa um mês sem respostas. Fernando Henrique Ribeiro Soares, de 11 anos, Alexandre da Silva, de 10 anos, e Lucas Matheus da Silva, de 8, sumiram após saírem para jogar bola em um campo de futebol na comunidade do Castelar. As informações sobre o paradeiro dos meninos, procurados pelas famílias desde então, são desencontradas. “Muita gente procura, manda mensagem, fica naquele jogo de empurra. A gente vai no lugar e não é, mandam foto e também não é”, afirma o tio de uma das crianças, Anderson Caetano.
Após o desaparecimento dos meninos, a Polícia Civil do Rio de Janeiro realizou uma busca dentro da comunidade do Castelar com apoio do batalhão de Choque e do Corpo de Bombeiros. Na ocasião, três pessoas foram baleadas, uma arma e drogas foram apreendidas, mas nenhuma informação dos meninos foi coletada. “Não tem uma pista de nada, a gente está tudo desesperado e não sabe mais o que fazer. não sabe onde procurar”, lembra Anderson. Segundo ele, a família aguarda análise de DNA nas roupas de um homem suposto de envolvimento com o caso e a mãe de Fernando Henrique compareceu ao Ministério Público nesta terça-feira com brinquedos do menino para fazer um apelo pelo retorno dele.
“Não tem uma pista porque as 48 câmeras ao redor da comunidade não pegam as crianças saindo da favela. Ninguém viu, ninguém sabe”, recorda o tio. O desaparecimento em plena luz do dia gera um mar de perguntas sem respostas para as famílias das crianças. Nesta quarta, a ONG Rio de Paz realizou um ato na Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul da capital fluminense, lembrando da vida dos meninos. Em um dos pontos mais turísticos da cidade, a foto dos três com números de contato foi ostentada. Para a organização, a classe social e cor da pele das crianças desestimula as buscas da polícia. “São pobres, negros e de favela. Para muitos, essas vidas não existem. É inadmissível que as pessoas não se sensibilizem com o drama dessas famílias”, afirmou Antônio Carlos Costa, presidente do Rio de Paz, em nota publicada pelas redes sociais. Ele comparou a comoção nacional e a busca pelo menino Carlinhos, desaparecido na década de 1970, com a pouca repercussão do desaparecimento dos meninos para exemplificar essa desigualdade.
Procurada pela Jovem Pan, a Polícia Civil do Rio de Janeiro afirmou, em nota, que fez diligências em cerca de 40 lugares com possíveis pistas da localização dos meninos desde o dia do desaparecimento. As buscas foram feitas na capital, em Duque de Caxias, Nova Iguaçu e outras cidades. “Na comunidade Castelar, agentes da DHBF e da Polícia Militar realizaram diligências para identificar integrantes da organização criminosa que atua na localidade, trabalhando uma linha de investigação sobre possível participação de traficantes da região no desaparecimento. A suspeita foi cogitada após levantamento de informações e depois que criminosos torturaram um homem, indicando falsamente ser o responsável pelo desaparecimento dos meninos e imputando sua captura aos moradores. Além disso, os traficantes incitaram a população a atear fogo em um ônibus como forma de desviar o foco das investigações”, afirma trecho do documento. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense. A ONG SOS Criança Desaparecida é uma das organizações que recebe pistas sobre as crianças pelos números (21) 2286-8337 e (21) 98596-5296. Outras informações também podem ser fornecidas pelo Disque-denúncia, no (21) 2253-1177. O anonimato é garantido para todos.
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