Cabral acertou propina sobre obra de favela, diz delator
O executivo Clóvis Primo, ligado à empreiteira Andrade Gutierrez e um dos delatores da Operação Lava Jato, afirmou que o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) acertou propina sobre as obras de urbanização do conjunto de favelas de Manguinhos, uma das comunidades mais pobres da capital fluminense. O executivo Rogério Nora de Sá, também ligado ao grupo, relatou a mesma informação aos investigadores da força-tarefa.
Clóvis Primo depôs, na passada quinta-feira (23), à Procuradoria-Geral da República. Ele disse que “além das obras do Maracanã e do Comperj (Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro), também sabe que houve pagamento de propina na obra de Manguinhos”, pois “essa obra consistia na urbanização, construção de casas etc, no conjunto de favelas em Manguinhos, que essa obra era estadual, mas recebeu recursos federais do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, que, nesse caso, também houve acerto com Sérgio Cabral do pagamento de 5% do valor da obra”, relatou. Segundo o delator, “neste caso, o operador da propina também foi Carlos Miranda”.
O Consórcio Manguinhos, liderado pela Andrade Gutierrez em parceria com a EIT e Camter, venceu o contrato de R$ 232 milhões para executar os serviços no Complexo de Manguinhos.
Entre 2009 e 2010, Sérgio Cabral inaugurou diversas obras em Manguinhos. De acordo com o site da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (EMOP), em 25 de outubro de 2010, o então governador do Rio entregou 328 apartamentos no Conjunto Embratel, na Avenida Leopoldo Bulhões, “destinados a famílias realocadas pelas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Manguinhos’.
“No local, também foram construídas uma ciclovia e áreas de esporte e lazer, com equipamentos de ginástica e pista de skate. No mesmo local, foram entregues, em junho daquele ano, 152 unidades habitacionais. No total, são 480 novas moradias para os moradores da comunidade. A partir da próxima segunda-feira, o PAC Manguinhos terá completado 914 apartamentos entregues. O investimento total naquela comunidade é de R$ 565,6 milhões”, apontou, na época, o site do governo do Estado.
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