Campanha contra o EI completa 1 ano sem uma derrota clara dos jihadistas

  • Por Agencia EFE
  • 08/08/2015 15h18

Lucía Leal.

Washington, 8 ago (EFE).- Um ano depois do primeiro ataque dos Estados Unidos contra o Estado Islâmico (EI), a coalizão internacional gastou bilhões de dólares e conseguiu matar mais de 10 mil jihadistas, mas não debilitou substancialmente o grupo extremista, que continua ampliando seu alcance, segundo analistas.

Os primeiros bombardeios americanos contra o EI no Iraque começaram em 8 de agosto de 2014, um dia depois de o presidente dos EUA, Barack Obama, ter anunciado a autorização para os ataques seletivos contra posições da organização jihadista.

Obama justificou a ofensiva para “proteger os interesses dos EUA” na cidade de Erbil e “evitar um genocídio” de civis no monte Sinjar, no Curdistão iraquiano.

Um mês depois, anunciou a ampliação da ofensiva à Síria. Aos poucos, o governo americano foi formando uma coalizão internacional com o objetivo de “prejudicar e derrotar” o EI, formada por 11 países que participam dos ataques aéreos.

Completado um ano do início da ofensiva, os EUA contam com 3.550 militares no Iraque. A aliança internacional liderada pelos americanos já realizou cerca de 6.000 ataques aéreos nos dois países e matou mais de 10.000 jihadistas, segundo números oficiais.

“Há um ano, o EI tinha avançado sem impedimentos pelo Iraque. Mas no último ano fizemos avanços consideráveis”, defendeu o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, em entrevista coletiva diária.

“Os líderes do EI já não tem um refúgio seguro (na Síria ou Iraque) e estamos tomando medidas para cortar finanças e dificultar o recrutamento de combatentes estrangeiros”, acrescentou.

No entanto, dados das agências de inteligência americanas citadas nesta semana por vários veículos de comunicação indicam que os jihadistas contam com entre 20.000 e 30.000 soldados, um número não confirmado pelo Pentágono, mas que coloca as tropas do grupo no mesmo patamar do início dos bombardeios.

“O EI está há meses sem conseguir vitórias significativas, mas também não foi obrigado a dar marcha ré. Ao mesmo tempo, inspirou movimentos similares e novos recrutamentos em outros países, o que ampliou seu alcance em termos práticos”, disse à Agência Efe um especialista em defesa da American University, Gordon Adams.

As filiais do EI na Líbia e no Egito se transformaram em um grave problema para esses países, enquanto os ataques reivindicados ou inspirados pelo grupo chegaram à Tunísia, França e Dinamarca.

O chefe da força combinada da operação “Determinação Inerente”, como é chamada a campanha contra o EI, general Kevin J. Killea, negou na semana passada a ideia de que avanços substanciais não tenham sido alcançados pela coalizão internacional.

“Essa é a mesma luta do que quando começamos. Digo isso me baseando nos efeitos que tivemos sobre o EI. São muito mais territoriais, o que quer dizer que estão muito mais na defensiva do que na ofensiva”, afirmou Killea em entrevista coletiva concedida na base de operações, que fica no sudeste da Ásia.

“Seus ataques são menores, mais focados em um alvo e menos duráveis. Tudo que vocês têm que fazer é olhar os avanços que fizemos no terreno para ver que, sim, há avanços”, acrescentou.

Para a Casa Branca, o EI perdeu a liberdade de operar em 30% do território antes controlado pelo grupo há um ano. Isso representaria uma área de 17.000 quilômetros quadrados.

Charles Lister, que analista o grupo jihadista para o Instituto Brookings em Doha (Catar) disse nesta semana que o resultado do combate contra o EI pode ser resumido em “uma série de vitórias táticas ligeiramente relacionais, mais do que como um avanço estratégico significativo”.

“Não será possível destruir completamente o EI do exterior, mais sim restringi-lo a uma capacidade operacional mínima, na qual sua própria dinâmica interna possa gerar a autodestruição”, escreveu Lister no relatório “Perspectivas sobre o terrorismo”.

Para Adams, a coalizão internacional “deteve o avanço do EI, mas será preciso uma força terrestre eficaz para recuperar o terreno”.

Um dos grandes obstáculos nessa estratégia é o lento treinamento dos rebeldes moderados sírios, praticamente ainda não iniciado, conforme Adamas. O Pentágono afirma que só 60 combatentes foram devidamente preparados até agora.

Segundo o Exército Livre Sírio (ELS), 12 desses 60 militares foram sequestrados e outros 18 feridos pela Frente al Nusra, a filial da Al Qaeda no país, algo não confirmado pelos americanos.

O acordo entre os EUA e a Turquia para a criação de uma área livre do EI na fronteira turca com a Síria “melhora as opções para ataques aéreos”, na opinião de Adams. No entanto, ele reitera que a guerra contra os jihadistas não pode ser vencida somente pelo ar.

“Para vencê-la é preciso uma força terrestre que tem que emergir da região. Isso levará anos”, concluiu. EFE

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