Candidatos nacionalistas dominam panorama eleitoral na Bósnia

  • Por Agencia EFE
  • 10/10/2014 18h34

Sarajevo, 10 out (EFE).- Os três principais políticos dos povos dominantes na Bósnia-Herzegovina que vão concorrer nas eleições deste domingo são o muçulmano Bakir Izetbegovic, o sérvio Milorad Dodik, e o croata Dragan Covic.

Todos mantiveram sua popularidade com discursos nacionalistas e populistas, apesar dos poucos avanços que o país alcançou desde o final da guerra há quase duas décadas.

Izetbegovic, atual membro do triunvirato presidencial bósnio, pretende manter seu cargo (compartilhado com um sérvio e um croata) por outros quatro anos.

O candidato tem grande esperança depositada neste pleito, já que, se ganhar, se imporia como líder indiscutível do nacionalista moderado Partido de Ação Democrática (SDA), o maior entre os bósnios muçulmanos.

Mas, se perder, pode afundar a legenda, fundada em 1990 por seu próprio pai, o falecido Alia Izetbegovic, líder dos muçulmanos bósnios durante a guerra e membro da presidência do país até o ano 2000.

Embora sua eleição há quatro anos tenha despertado a esperança de um renascimento no país, ele pouco fez para aproximar os líderes dos três povos.

Arquiteto de profissão, Izetbegovic, de 58 anos, foi deputado no parlamento central, do parlamento comum de muçulmanos e croatas e também do cantão de Sarajevo.

Militando no SDA desde sua fundação, em 2002 foi nomeado membro do Comitê central e, desde 2013, é vice-presidente do partido.

Por sua vez, Milorad Dodik, homem forte da República Sérvia da Bósnia, se apresenta às eleições para renovar seu mandato.

Líder indiscutível dos servo-bósnios na última década, ele é conhecido por sua retórica nacionalista que exige transformar a Bósnia em uma confederação, na qual os sérvios tenham mais autonomia ou inclusive a independência, ao mesmo tempo em que assegura que o atual modelo de país é insustentável.

Além disso, Dodik ressalta suas boas relações com o presidente russo, Vladimir Putin, e deseja uma maior cooperação econômica com a Rússia.

Ele é presidente da União dos Social-Democratas Independentes (SNSD), partido que fundou em 1996, após a guerra (1992-1995), e foi então o favorito do Ocidente por sua oposição ao líder nacionalista servo-bósnio Radovan Karadzic, hoje processado por crimes de guerra perante a Justiça internacional.

Dodik, de 55 anos, analista político de profissão, foi o chefe do governo servo-bósnio entre 1998 e 2001 e entre 2006 e 2010.

O domínio de Dodik, no entanto, poderia se ver prejudicado nas eleições do domingo porque boa parte da oposição servo-bósnia se uniu contra ele por meio de um candidato comum, Ognjen Tadic, do Partido Democrático Sérvio (SDS).

Por fim, Dragan Covic, líder da conservadora União Democrática Croata BiH (HDZ BiH) desde 2005, é considerado favorito absoluto para a eleição do membro croata do triunvirato presidencial bósnio, cargo que já que exerceu de 2002 a 2005.

Agora presidente da Câmara dos Povos do parlamento central, ele foi, de de 1998 a 2001, ministro das Finanças e vice-primeiro-ministro no governo comum com muçulmanos e croatas.

Em 2005, ele foi destituído como copresidente bósnio pelo alto representante da comunidade internacional no país, após ser acusado de abuso de poder, de receber suborno e de ajudar na evasão de impostos quando era ministro das Finanças. Foi acusado também em 2010 por desvio, mas em ambos casos acabou absolvido nos processos judiciais.

Engenheiro e doutor em mecânica, o candidato croata é professor na Universidade de Mostar e pede “a resposta à causa croata, porque sem isso não pode haver Bósnia-Herzegovina”. EFE

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