Capital dos EUA acende seus primeiros cigarros de maconha legalmente

  • Por Agencia EFE
  • 26/02/2015 20h51

Beatriz Pascual Macías.

Washington, 26 fev (EFE).- Habitantes de Washington, capital dos Estados Unidos, puderam nesta quinta-feira acender cigarros de maconha legalmente na cidade pela primeira vez, assim como plantar sementes de cannabis em suas casas.

“Está vendo este cigarro? É só maconha enrolada, e fumar isso em casa é perfeitamente legal”, disse em uma entrevista coletiva Adam Eidinger, presidente do grupo “DC Cannabis Campaign” e defensor da legalização da maconha para fins recreativos em Washington.

Fumando seu “baseado”, Eidinger comemorou a “Iniciativa 71”, que entrou em vigor nesta quinta após receber o respaldo de 70,1% dos eleitores de Washington em um plebiscito que aconteceu em novembro de 2014.

A lei permite que qualquer pessoa com mais de 21 anos fume maconha em casa ou em espaços privados e transporte até 60 gramas de cannabis, quantidade que custaria de US$ 600 a US$ 800 no mercado ilegal, estimou Eidenger.

A partir de agora, é permitido compartilhar (mas não vender) até 30 gramas de cannabis e cultivar em espaços privados um máximo de seis plantas, embora apenas três possam ter flores.

“Plantar uma semente é um ato muito simbólico”, afirmou o ativista, que, diante da imprensa, escolheu as maiores sementes que guardava em um recipiente e as plantou em uma estufa portátil, para então regá-la com água filtrada.

“Dentro de uma semana as sementes começarão a crescer. Durante duas semanas, podem receber apenas luz natural, mas depois vou colocar algumas luzes no armário para que continuem crescendo. Porei um pequeno ventilador para dissipar o cheiro, e assim elas poderão se desenvolver”, explicou.

O ativista dedicou esse ato às centenas de milhares de pessoas presas por crimes relacionados à maconha e fez menção especial aos negros americanos, que formam a maioria da população de Washington e que, segundo ele, são penalizados e condenados pelo consumo da droga com uma frequência maior que os brancos, apesar de fumarem a mesma quantidade.

Para informar os cidadãos, em 2014 o grupo de ativistas da “DC Cannabis Campaign” preparou algumas folhas de papelão brancas e vermelhas que podem ser utilizadas para fazer o filtro do cigarro, com as especificações da nova lei.

“Legalização sem comercialização”, resumiu Eidinger, que fez da maconha um instrumento para reivindicar autonomia para a capital federal, cujas leis devem ser revisadas pelo Congresso, que também decide sobre o orçamento da cidade.

No final do ano, o Congresso proibiu que a prefeitura regulasse a venda e cobrasse impostos sobre a maconha, mas as autoridades locais acreditam que têm autoridade para aplicar a lei, e nesta quinta-feira deram um passo à frente.

“Os habitantes do Distrito de Colúmbia falaram alta e claramente quando aprovaram a legalização da maconha, em novembro. Estamos preparados para aplicar e fazer com que a lei seja cumprida”, declarou a prefeita da capital, a democrata Muriel E. Bowser, horas antes de a medida entrar em vigor.

Bowser apareceu em entrevista coletiva junto com todas as autoridades do Distrito, incluindo o Departamento de Polícia da cidade, que, ao receber ordens da prefeitura, terá que executar a lei.

No entanto, a verdadeira mudança nas ruas de Washington aconteceu em julho do ano passado, quando o Consistório descriminalizou a posse de maconha em pequenas quantidades, infração que equiparou com as multas de trânsito.

Com essa medida, a cidade se une aos estados de Colorado, Washington, Alasca e Oregon e abre, ainda mais, o debate em nível federal, onde o consumo recreativo da maconha continua proibido.

Para diferentes centros de pensamento, como o Instituto Brookings, a nova realidade da maconha nos EUA tem grandes consequências em nível internacional, pois pode questionar a vigência dos tratados sobre drogas da ONU assinados pelo país. EFE

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