Chuvas não aliviam racionamento em São Paulo por enquanto, diz especialista

  • Por Agência Brasil
  • 23/03/2015 15h59
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Marcos Santos/USP Imagens Torneira

Mesmo com toda a chuva que cai desde o fim de fevereiro no Sudeste e o aumento gradual do nível do Sistema Cantareira, que abastece a Grande São Paulo, ainda não é possível abrir mão de uma gota e aliviar a população do racionamento. A avaliação é do presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), Dante Ragazzi Pauli, que também é assistente executivo da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

Ao participar de encontro hoje (23), no Rio de Janeiro, sobre dessalinização de água oceânica, ele disse que em fevereiro o volume de chuvas foi muito bom, repetindo-se em março. Em função disso, algumas autoridades têm falado que, mantido nível de chuvas, “conseguiremos tocar muito bem este ano, mas depende do volume”, frisou. Ele lembrou que em 2014 também era esperado um regime maior de chuvas, que não se concretizou. “Não podemos abrir um milímetro de guarda, a situação é crítica”, reforçou, sobre o volume do sistema, que subiu de 16,6% para 17,1%.

Atualmente, consumidores atendidos pelo Sistema Cantareira, que abastece cerca de 6 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo, enfrentam racionamento, com redução da pressão na água liberada às casas e a consequente interrupção do abastecimento em parte do dia. Com redução da pressão, a água não tem força para chegar às torneiras de todos os consumidores.

Durante o evento sobre dessalinização da água, como opção para enfrentar crises hídricas, o presidente da Abes também comentou a proposta da Agência Nacional de Águas (ANA), de estabelecer limites para captação de água dos reservatórios, a depender do nível dos sistemas. Com a mudança, quando o reservatório estiver cheio, a retirada poderá ser maior do que quando o nível for baixo ou crítico, segundo o presidente do órgão, Vicente Andreu.

“A ANA, tecnicamente, é um órgão sério que, retirando as questões políticas, que sempre tem, age de forma equilibrada. Então, [essa proposta] me parece clara: se tem água, consome, se não tiver, vamos segurar, parece interessante”, avaliou Dante Pauli, acrescentando que qualquer mudança na captação deve ser debatida com os órgãos estaduais de meio ambiente.

Para o presidente da Abes, a crise hídrica é um divisor no comportamento do brasileiro em relação ao uso da água. “O consumo que a gente tinha em 2013 nunca mais vai ocorrer. Banho de banheira, nem pensar. A lógica de consumo está se transformando em uso racional”, ressaltou, destacando que ainda é preciso reduzir o consumo de água pelas indústrias e as perdas no próprio sistema de abastecimento.

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