Conservadores vão para segundo turno em vantagem na República Turca do Chipre

  • Por Agencia EFE
  • 19/04/2015 16h35

Nicósia, 19 abr (EFE).- O nacionalista Dervis Eroglu ficou em primeiro lugar nas eleições presidenciais da autoproclamada República Turca do Norte do Chipre (RTNC), neste domingo, seguido de perto pelo independente Mustafa Akinci, com quem disputará segundo turno.

Com a apuração de votos finalizada, o conservador Eroglu teve 28,32% dos votos, seguido de Akinci, com 26,82%; da candidata social-democrata, Sibel Siber, com 22,49%, e do representante da centro-direita, Kudret Ozersay, com 21,25%.

A aspiração de Eroglu era conseguir mais de 50% do apoio para não ter de ir de novo às urnas no próximo dia 26.

“Completamos a primeira rodada de uma eleição muito importante. Temos dias críticos pela frente, mas sou capaz de conduzir estes tempos críticos, porque tenho experiência. Temos que trabalhar para conseguir nosso objetivo. Vou ganhar com ainda mais votos”, afirmou Eroglu em pronunciamento após a divulgação dos resultados.

Izzet Izcan, líder do Partido Unido do Chipre, que apoia Akinci, comentou que os turco-cipriota “pediram a mudança”.

“Estamos lutando todos pela mesma causa. Queremos a paz neste país. É o fim de uma era, a era de Dervis Eroglu que se seguia à de (um dos fundadores da RTNC, Rauf) Denktash”, apontou.

O primeiro-ministro turco-cipriota e líder social-democrata, Ozkan Yorgancioglu, admitiu que não esperavam tal resultado, mas destacou que: “Respeitamos, certamente, a vontade do povo”, e acrescentou que nos próximos dias avaliarão seu posicionamento para o segundo turno.

Foi a participação mais baixa desde 1995, já que só 61% dos turco-cipriotas votaram.

A campanha eleitoral foi marcada pela expectativa por causa do reinício das negociações de paz de reunificação da ilha, pois o novo presidente será responsável por retomar o diálogo com o presidente do Chipre, Nicos Anastasiades.

Eroglu é favorável a conservar a situação atual de divisão e até agora manteve uma posição ferrenha que dificultou o avanço nas negociações.

Akinci é um político moderado que defende a reunificação da ilha e representa a ala mais progressista da esquerda turco-cipriota, partidária a romper a dependência da Turquia e de uma nova forma de fazer política, diferenciada da dos grandes partidos.

Ele recebeu o apoio de formações pequenas como o Partido Unido do Chipre, sem representação parlamentar, e do partido Democracia Comunitária (TDP), com só três cadeiras na câmara turco-cipriota.

A RTNC é um estado não reconhecido internacionalmente que sobrevive graças ao amparo da Turquia.

O país vizinho financia 40% do orçamento governamental e quase 100% dos investimentos, embora a crise econômica global também tenha provocado cortes no gasto público da RTNC.

Já que a ONU não reconhece este estado, o presidente eleito atua como líder da comunidade turco-cipriota e tem o papel de negociador no diálogo para a reunificação do Chipre, que segue dividida em duas zonas desde a invasão turca ao norte da ilha em 1974.

Desde que em 1983 se autoproclamou República Turca do Norte do Chipre, fracassaram as tentativas para reunificar o país, incluído um plano proposto pela ONU que os greco-cipriotas rejeitaram em referendo.

Por este motivo, só a parte sul da ilha, a República do Chipre, cujo presidente é Nicos Anastasiades, faz parte da União Europeia desde 2004.

O diálogo entre as comunidades foi rompido em outubro por decisão dos greco-cipriotas, após a incursão em águas da Zona Econômica Exclusiva do Chipre de um navio turco que realizava explorações sísmicas.

O governo do norte do Chipre está nas mãos do social-democrata Partido Republicano Turco (CTP), que ganhou dos nacionalistas nas últimas eleições de 2013.

Esta formação representa a corrente europeísta e partidária da reunificação frente a seu principal rival, o Partido de União Nacional (UBP), defensor de manter a atual divisão da ilha. EFE

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