“Contador de Auschwitz” admite responsabilidade moral sobre mortes no campo

  • Por Agencia EFE
  • 21/04/2015 10h12
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Berlim, 21 abr (EFE).- Oskar Gröning, conhecido como o “contador de Auschwitz”, admitiu nesta terça-feira sua responsabilidade “moral” na morte de deportados no campo de extermínio e pediu perdão para suas famílias no início de seu julgamento, em Lüneburg, no centro da Alemanha.

“Para mim não há dúvida de que sou moralmente cúmplice”, afirmou Gröning, de 93 anos, que é acusado de participação no assassinato de 300 mil pessoas mortas nas câmaras de gás de Auschwitz, na chamada “operação Hungria”, realizada em 1944.

Gröning, que serviu no campo a partir de 1942, admitiu que desde sua chegada no local sabia que judeus eram mortos em câmaras de gás, e pediu perdão aos sobreviventes e familiares das vítimas presentes na audiência. O réu se declarou à disposição da justiça.

O processo contra Gröning é considerado um dos últimos grandes julgamentos por crimes nazistas, em função da idade avançada dos envolvidos e das vítimas.

Gröning chegou na audiência caminhando com a ajuda de um andador e acompanhado por um de seus advogados.

Entre as mais de 60 acusações particulares do caso, há sobreviventes do Holocausto e também familiares de vítimas de Auschwitz.

A promotoria sustenta que Gröning, encarregado de expropriar os pertences dos prisioneiros que chegavam a Auschwitz e de enviar o dinheiro tomado para a SS (polícia nazista), em Berlim, contribuiu para dar apoio econômico ao regime nacional-socialista e sua máquina de morte.

A acusação é focada no verão de 1944, quando durante a denominada “Operação Hungria” chegaram ao campo de concentração e extermínio 425 mil deportados desse país e pelo menos 300 mil foram executados nas câmaras de gás.

Um precedente do caso foi o julgamento, em Munique, do ucraniano John Demjanjuk, condenado em 2011 a cinco anos de prisão por sua cumplicidade na morte de mais de 29 mil judeus no campo nazista de Sobibor, onde serviu como guarda voluntário.

Após esse processo, no qual se condenou um trabalhador de um campo sem envolvimento direto nas mortes, o Escritório Central Investigador dos Crimes do nazismo decidiu reabrir 30 casos, embora vários não puderam seguir adiante devido à incapacidade dos acusados. EFE

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