Dilma e Bachelet acertam troca de informação sobre ditaduras

  • Por Agencia EFE
  • 12/06/2014 13h51

Brasília, 12 jun (EFE).- A presidente Dilma Rousseff e a presidente do Chile, Michelle Bachelet, acertaram nesta quinta-feira que ambos os governos trocarão informação sobre violações de direitos humanos ocorridas durante as últimas ditaduras em seus países.

O acordo foi assinado durante uma rápida visita de Bachelet a Brasília. As duas irão depois para São Paulo para assistir à partida de abertura da Copa do Mundo.

Fontes oficiais brasileiras disseram à Agência Efe que os dados que o Chile possa apresentar sobre a cooperação que os governos militares de ambos os países tiveram durante a década de 70 serão entregues à Comissão da Verdade, criada por Dilma há três anos com a intenção de esclarecer crimes ocorridos durante a ditadura.

Diplomatas chilenos, por sua vez, explicaram que seu país tem informações sobre brasileiros que foram sequestrados nos primeiros dias do golpe que derrubou o presidente Salvador Allende em 11 de setembro de 1973.

Além disso, tanto no Brasil quanto no Chile existem arquivos que podem ajudar nas investigações sobre a chamada Operação Condor, uma operação mediante a qual as ditaduras que imperavam então no Cone Sul coordenaram a repressão política.

O convênio foi assinado pelos ministros das Relações Internacionais do Chile, Heraldo Muñoz, e do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo, na presença de Dilma e Bachelet, que além de uma forte amizade pessoal têm em comum o fato terem sido perseguidas pelas ditaduras.

Dilma passou dois anos e meio na prisão por supostos vínculos com grupos guerrilheiros contrários ao regime militar, o mesmo que ocorreu com Bachelet após o golpe de Estado liderado pelo general Augusto Pinochet.

Na reunião realizada em Brasília, também foi assinado um acordo mediante o qual a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Sociedade de Fomento Fabril (Sofofa), equivalente a CNI no Chile, se comprometeram a impulsionar a cooperação entre os setores privados de ambos os países.

Segundo o documento, divulgado pela CNI, ambos os órgãos desenvolverão projetos conjuntos para “ampliar e diversificar” as relações econômicas bilaterais, assim como desenharão “estratégias para melhorar as infraestruturas e reduzir os preços dos fretes”.

No mesmo texto, a CNI mostrou sua intenção de participar como observadora das entrevistas de empresários dos países da Aliança do Pacífico, integrada por Chile, México, Colômbia e Peru. Segundo fontes da CNI, o objetivo é expandir os horizontes comerciais da indústria brasileira além do Mercosul, que o Brasil integra com a Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela.

Após a reunião em Brasília, nem Bachelet nem Dilma falaram com os jornalistas. A presidente brasileira comentou que estavam com pressa para viajar rumo a São Paulo para a abertura da Copa.

Além da presidente chilena, também assistirão à partida de abertura o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e os presidentes de Bolívia, Evo Morales; Equador, Rafael Correa; Paraguai, Horacio Cartes; Uruguai, José Mujica; Suriname, Dési Bouterse; Angola, José Eduardo dos Santos; e do Gabão, Ali Bongo. O vice-presidente Kwesi Bekoe Amissah-Arthur; o emir do Catar, At-Tamim bin Hamad Al- Thani, e o primeiro-ministro da Croácia, Zoran Milanovic, também participarão.

Todas as autoridades se encontrarão antes em um almoço oferecido por Dilma em um hotel nas imediações do aeroporto de Guarulhos. De lá, irão para o estádio assistir à partida entre Brasil e Croácia. EFE

ed/cdr

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.