Alta da Selic para 9,25% muda regra para o cálculo da poupança; entenda

Contas para o rendimento são alteradas quando a taxa de juros fica acima de 8,50%; alta da inflação, no entanto, corrói parte do valor

  • Por Jovem Pan
  • 08/12/2021 19h01
Andre Taissin/Unsplash Cofrinho de porco junto cmo moedas Aumento do rendimento real da poupança é fruto da combinação da Taxa Selic elevada, em 13,75%, e a inflação em queda

O aumento dos juros para 9,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) muda a regra para o cálculo da poupança dos brasileiros, que passa a ter a mesma remuneração da “poupança velha”. Quando a Selic está igual ou menor a 8,50% ao ano, o valor aplicado rende 70% dos juros mais a Taxa Referencial (TR) — que está zerada há mais de quatro anos. Com a Selic igual ou acima de 8,50%, o dinheiro na poupança rende 0,50% ao mês, ou 6,17% ao ano. Em outras palavras, o rendimento de novas aplicações na poupança deve subir. Quem investiu R$ 1 mil na poupança com a Selic em 7,75% poderia esperar um montante de R$ 1.054,30 após 12 meses. Já uma aplicação de mesmo valor com a taxa Selic acima de 8,50% valerá R$ 1.061,70, na comparação com o mesmo período. A remuneração é a mesma da chamada “poupança velha”, o sistema criado com a separação das metodologias de rendimentos em 2012.

Apesar do aumento dos rendimentos, a aceleração da inflação — o motivo para a alta dos juros — deve corroer parte deste valor. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial da inflação brasileira, foi a 10,73% no acumulado de 12 meses na prévia de novembro — o último dado antes da reunião do Copom. Em outubro, a análise completa mais recente, o IPCA foi a 10,67% em 12 meses, mantendo o indicador acima de dois dígitos na trajetória iniciada no mês anterior. Este foi o resultado mais expressivo para o período desde janeiro de 2016. A aceleração da inflação é puxada principalmente pela variação de preços administrados, como a energia elétrica e os combustíveis, em meio ao quadro de forte desvalorização do real ante o dólar, alta no preço das commodities e os rescaldos da crise hídrica. A degradação das expectativas para a inflação é renovada semanalmente pelo mercado financeiro. A mediana da pesquisa feita pelo BC mostra que a perspectiva para o IPCA foi a 10,18% ao fim deste ano. Em 2021, a autoridade monetária persegue a meta inflacionária de 3,75%, com margem de 1,50 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 2,25% e 5,25%. O aumento da pressão inflacionária deste ano contamina as expectativas para 2022. Segundo o Focus, o IPCA deve encerrar o ano que vem com alta de 5,02%, já acima do teto da meta de 5%, com centro de 3,50% e piso de 2%.

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