Amigas empreendedoras driblam crise causada pela pandemia e investem na construção de vinícola na Serra Gaúcha

Com investimento de R$ 3 milhões, Amitié terá espaço próprio de produção até o final deste ano no município de Garibaldi; ‘Agora é a hora de apostar no crescimento’, afirma enóloga

  • Por Gabriel Bosa
  • 17/04/2021 13h00
Divulgação/Amitié A enóloga Juciane Casagrande (esq.) e a sommelière Andreia Gentilini Milan (dir.) criaram a Amitié em 2018; com novos investimentos, empreendedoras projetam elevar a produção para 300 mil garrafas neste ano A enóloga Juciane Casagrande (esq.) e a sommelière Andreia Gentilini Milan (dir.) criaram a Amitié em 2018; com novos investimentos, empreendedoras projetam elevar a produção para 300 mil garrafas neste ano

Em pouco mais de três anos de mercado, a vinícola gaúcha Amitié ampliou o número de rótulos, diversificou a produção e viu as vendas dobrarem. Agora, a despeito da piora da pandemia do novo coronavírus no país e as incertezas com a retomada da economia, a enóloga Juciane Casagrande e a sommelière Andreia Gentilini Milan planejam a expansão das atividades com investimento de R$ 3 milhões na implementação do próprio complexo de produção e espaço para enoturismo no município de Garibaldi, próximo ao Vale dos Vinhedos, na serra do Rio Grande do Sul. “Apesar de já fazer parte dos nossos planos mesmo antes da pandemia, decidimos que agora é a hora de apostar nesse crescimento”, afirma Juciane. “É preciso ter coragem, as oportunidades aparecem e não podemos ficar na inércia. Estamos fazendo esse investimento com muita segurança.” Com atual sede no Vale dos Vinhedos, no município de Bento Gonçalves, a vinícola usa uvas produzidas na região, além de frutos de Farroupilha, Pinto Bandeira e Santana do Livramento. Atualmente, a produção dos vinhos e espumantes é feita de forma terceirizada, utilizando a estrutura e maquinários de outras vinícolas da região.

Fundada em 2018, a Amitié – amizade, em francês – surgiu da união de duas mulheres, amigas e atuantes no mundo do vinho dentro e fora do Brasil há mais de 20 anos. “Vamos seguir rompendo paradigmas em um segmento ainda bastante masculino, criando ações inovadoras e trazendo novos olhares sobre o consumo de vinhos, que é o que vem pautando nossa atuação”, diz Andreia. A vinícola teve início com a produção de cinco rótulos de espumantes, totalizando 58 mil garrafas vendidas em 2019, o primeiro ciclo completo de produção e comercialização. A partir de 2020, a vinícola expandiu a produção para vinhos leves, ampliando as vendas para 120 mil garrafas – sendo 80% de espumantes. As empreendedoras projetam elevar a produção para 300 mil garrafas neste ano. “É um plano arrojado, mas estamos ampliando nossos canais de vendas com mercados, lojas e com novos lançamentos”, afirma Juciane.

Dados do governo federal compilados pela União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) apontam que em 2019 foram comercializados no mercado interno mais de 22,4 milhões de litros de espumantes produzidos no Rio Grande do Sul, e em 2020 o Estado fechou com a venda de 21,9 milhões de litros. Os números da entidade também mostram que em 2020 a comercialização de vinhos totalizou 236,4 milhões, com alta de 22% sobre o ano anterior.

O novo complexo da Amitié concentrará a parte administrativa, além de áreas de produção, estocagem e expedição, um espaço de aproximadamente mil metros quadrados, além de uma área de mais 400 metros quadrados voltada ao enoturismo. As obras estão previstas para iniciar neste mês, com conclusão estimada para novembro. O Vale dos Vinhedos na Serra Gaúcha é umas das referências na produção de vinhos e espumantes na América do Sul, e um dos principais destinos para apreciadores das bebidas. Segundo Juciane, o foco está na retomada do turismo na região após a pandemia da Covid-19. “São mais de 400 mil turistas por ano. Já temos a vontade de empreender, agora estamos nos preparando para essa retomada.”

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