Após críticas de Lula, Campos Neto defende autonomia do Banco Central

Economista rebateu críticas do presidente em relação à independência do órgão e afirmou que é preciso separar o ciclo de política monetária do ciclo político

  • Por Jovem Pan
  • 07/02/2023 13h50 - Atualizado em 07/02/2023 17h29
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BRUNO ROCHA/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO Roberto Campos Neto Insatisfeito com taxa de juros, governo tenta minar independência do Banco Central

Nesta terça-feira, 7, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu a independência do órgão durante participação em evento em Miami. Para o economista, a autonomia do BC é essencial para destrelar o ciclo de política monetária do ciclo político, uma vez que ambos têm “diferentes lentes e diferentes interesses”. A fala é uma resposta às recentes e constantes críticas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sobre as medidas adotadas pelo Banco Central, o nível dos juros e as metas de inflação. Lula deixou claro que poderá acabar com a autonomia do BC. “Vou esperar esse cidadão terminar o mandato dele para a gente fazer uma avaliação o que significou o Banco Central independente”, disse o presidente. “Outro dia eu me queixei que eles fizeram uma meta de inflação de 13,7%. Quando você faz uma meta de inflação de 13,7%, está exagerando numa promessa em que precisa arrochar para cumprir”, acrescentou.

Em resposta, Campos Neto afirmou que a autonomia do órgão potencializa a eficiência da política monetária e, assim, reduz o custo da alta de juros para a população. “Acho que é muito importante por diferentes razões. A principal razão, no caso da autonomia do BC, é desconectar o ciclo de política monetária do ciclo político, porque eles têm diferentes lentes e diferentes interesses. Quanto mais independente você é, mais efetivo você é, e menos o País vai pagar em termos de custo-benefício da política monetária”, declarou. O presidente do BC ressaltou a necessidade de pensar em melhorar o trabalho anterior e complementou que apenas criticar é um problema. “Eu cheguei lá, a pressão era muito grande, porque ele [Ilan Goldfajn] fez um trabalho maravilhoso. Pensei, como posso melhorar o que foi feito? Um problema que nós temos é sempre criticar o legado. Nós precisamos entender que, quando chegamos a um trabalho, nós precisamos olhar o que pode ser melhorado. Não acho que você se parece melhor criticando o que foi feito”, defendeu.

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