Dólar cai a R$ 4,94, menor cotação em 9 meses; moeda acumula queda de 11% neste ano

Baixa é reflexo do aumento da cotação do barril de petróleo em meio à intensificação do confronto no Leste Europeu

  • Por Jovem Pan
  • 21/03/2022 17h20 - Atualizado em 21/03/2022 17h45
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ITACI BATISTA/ESTADÃO CONTEÚDO Cédulas de dólar e real espalhadas Dólar recua após Campos Neto comentar sobre inflação acima do esperado em março

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro fecharam no campo positivo nesta segunda-feira, 21, com a alta da cotação do petróleo após novas ameaças de embargo da União Europeia à Rússia. A valorização do barril do tipo Brent, que voltou a ser cotado acima de US$ 116, impulsiona as ações das empresas brasileiras e aumenta o fluxo de dinheiro estrangeiro no país. O movimento é intensificado pela expectativa de maior retorno da renda fixa com o mercado enxergando a Selic mais alta em 2022 e 2023. O cenário fez o dólar encerrar com forte queda de 1,4%, a R$ 4,945, na menor cotação desde 29 de junho de 2021, quando fechou a R$ 4,941. O câmbio chegou a bater a mínima de R$ 4,932, enquanto a máxima não passou de R$ 5,031. Desde o início do ano, a divisa norte-americana acumula queda de 11,3%. Se descolando do pessimismo internacional e puxado por companhias do setor de energia e minerais, o Ibovespa fechou com alta de 0,7%, aos 116.154 pontos.

Ministros de Relações Exteriores da União Europeia afirmaram nesta segunda-feira que estudam se unir aos Estados Unidos e aderir ao embargo do petróleo russo. O país de Vladimir Putin é o segundo maior produtor da commodity no mundo, atrás apenas da Arábia Saudita. O temor de impactos no abastecimento no mercado global aumenta a pressão sobre os preços. O barril do tipo Brent, usado com referência pela maior parte do mundo, registrava alta de 8,5%, a US$ 116,46. Já o WTI, base do mercado norte-americano, também subia 7,8%, a US$ 112,47. As novas sanções seguem o aumento dos conflitos no Leste Europeu. As Forças Armadas da Rússia deram um ultimato neste domingo, 20, para que a cidade de Mariupol se rendesse e fosse entregue pela Ucrânia a elas até às 5h da manhã de segunda, 21. A oferta foi recusada por autoridades ucranianas, e logo depois fortes explosões foram registradas na capital Kiev. A expectativa é de maior conflito na região, vista como fundamental por estar próxima das áreas rebeldes já dominadas pela Rússia. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, concedeu uma entrevista nesta segunda e alegou que seu país não irá ceder às ameaças e ultimatos do Kremlin durante a invasão russa.

Na pauta doméstica, o Copom divulga amanhã a ata do encontro realizado na semana passada que determinou o aumento dos juros de 10,75% para 11,75% ao ano. O mercado espera que a autoridade monetária dê mais detalhes sobre a direção dos juros em meio ao aumento das pressões inflacionárias geradas pela guerra na Ucrânia. Analistas revisaram para cima as expectativas para a inflação e a Selic em 2022 e 2023, segundo previsões do Boletim Focus publicadas nesta manhã. A projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou de 6,45% para 6,59% neste ano, e de 3,7% para 3,75% em 2023. Já a Selic passou a ser vista em 13% ao ano no fim de 2022, e em 9% no ano que vem.

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