Dólar cai com posse de Biden nos EUA e mercado à espera do Copom

Apesar de otimismo global, entraves para a produção de vacinas contra a Covid-19 no Brasil trazem apreensão aos investidores; Bolsa oscila aos 120 mil pontos

  • Por Jovem Pan
  • 20/01/2021 12h10
Marcello Casal Jr/Agência Brasil Dólar mantém viés de queda com avanço da agenda de reformas e instalação da CPI da Covid-19 no radar dos investidores Dólar mantém viés de queda com o avanço da agenda de reformas e a instalação da CPI da Covid-19 no radar dos investidores

O mercado financeiro opera com otimismo nesta segunda-feira, 20, com a posse de Joe Biden após os meses de tensão que seguiram o resultado das urnas. A expectativa dos investidores é de maior estímulos para a recuperação da principal economia do mundo e a volta dos EUA ao Acordo de Paris e à Organização Mundial do Comércio (OMC). No cenário doméstico, as atenções estão dividas entre a expectativa de manutenção da Selic em 2% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) e os entraves para a vacinação contra o novo coronavírus em todo o território nacional. Com este cenário, às 12h05 o dólar operava com recuo de 0,94%, a R$ 5, 295. A divisa chegou a bater máxima de R$ 5,356, enquanto a mínima não passou de R$ 5,289. O dólar fechou a véspera com avanço de 0,77%, cotado a R$ 5,345. Apesar do bom humor nos mercados internacionais, a Bolsa de Valores brasileira oscila nas primeiras horas de negociação. O Ibovespa, principal índice da B3, registrava queda de 0,13%, aos 120.483 pontos. O pregão desta terça encerrou com baixa de 0,50%, aos 120.636 pontos.

Os investidores repercutem de forma positiva a chegada de Joe Biden e Kamala Harris à Casa Branca. A nova gestão já adiantou nesta semana o projeto para liberar US$ 1,9 trilhão para estimular a retomada da economia após o choque da Covid-19. A expectativa é que os dólares cheguem aos mercados internacionais, forçando a divisa norte-americana para baixo. A mudança da política externa da maior potência do globo também é motivo para otimismo. Após uma gestão pautada no “America first” do agora ex-presidente Donald Trump, Biden prometeu reintegrar os EUA nas mesas de debate mundial. O primeiro sinal dessa mudança foi a volta dos Estados Unidos à OMC e ao Acordo de Paris. O novo presidente também adiantou que reverterá a saída do país da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Na pauta interna, investidores aguardam pelo fim do último dia de reunião do Copom e o anúncio da Selic, às 18h30. A expectativa unânime do mercado é que o colegiado do Banco Central mantenha a taxa básica de juros da economia brasileira a 2% ao ano, o menor nível da história, mas que retire a política de foward guidance — a estratégia de não subir os juros —, sinalizando a alta do índice nas próximas reuniões. O Copom se reúne a cada 45 dias, e o próximo encontro está marcado para 16 e 17 de março. Economistas e entidades ouvidas pelo BC projetam a Selic a 3,25% ao ano ao fim de 2020, segundo Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 18. O mercado também acompanha com apreensão a série de entraves que podem dificultar a campanha de imunização contra a Covid-19 no país. Para continuar a vacinação, o Brasil depende do envio de insumos para a produção dos imunizantes, que serão fabricados nacionalmente pelo Instituto Butantan, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, e pela Fiocruz, em conjunto com a Universidade de Oxford e a AstraZeneca. Os laboratórios temem que haja a imposição de obstáculos na importação, já que os produtos estão na China, país que protagonizou indisposições diplomáticas com o presidente Jair Bolsonaro. Para tentar resolver os impasses, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, marcou nesta quarta uma reunião com o embaixador chinês, Yang Wanming.

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