Dólar dispara 2,9% e vai a R$ 5,32 com tensão entre Poderes; Bolsa despenca 3,8%
Mercado financeiro reage de forma negativa com investidores analisando as falas de Jair Bolsonaro e os impactos em Brasília
O mercado financeiro fechou no campo negativo nesta quarta-feira, 8, com a escalada da tensão entre os Poderes após as falas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em manifestações na véspera. O dólar disparou 2,89% e fechou a R$ 5,326, na máxima do dia. Na mínima, o câmbio não passou de R$ 5,197. A divisa norte-americana fechou na segunda-feira, 6, a R$ 5,212, com queda de 0,15%. O Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, encerrou o dia com forte queda de 3,78%, aos 113.412 pontos. Este foi o maior tombo diário do pregão desde o dia 8 de março, quando registrou queda de 3,98%. Já a pontuação é a mais baixa desde 24 de março, dia que o Ibovespa fechou aos 112.064 pontos.
Investidores seguiram os desdobramentos dos discursos de Bolsonaro nesta terça-feira, 7, e a elevação do atrito entre os Três Poderes. O presidente voltou a atacar o Supremo Tribunal Federal (STF), em especial o ministro Alexandre de Moraes, a quem chamou de “canalha”. Em fala na avenida Paulista, Bolsonaro afirmou que “só Deus” o tira da presidência da República. “Quero dizer àqueles que querem me tornar inelegível em Brasília: só Deus me tira de lá. Só saio preso, morto ou com a vitória. Dizer aos canalhas: eu nunca serei preso. A minha vida pertence a Deus, mas a vitória pertence a todos nós.”
Ainda na terça-feira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), suspendeu as atividades da Casa. A instabilidade política deve dificultar a aprovação de matérias importantes ao governo no Legislativo. Segundo apurou a Jovem Pan, o presidente do Senado deve devolver a medida provisória (MP) que limita a remoção de conteúdos publicados nas redes sociais, editada pelo chefe do Executivo federal na segunda-feira, 6. Ainda tramita na Casa a reforma do Imposto de Renda e a privatização dos Correios. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que a Constituição brasileira “jamais será rasgada” e que ele conversará com todos os Poderes. “É hora de dar um basta a essa escalada, em um infinito looping negativo. Bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia-a-dia do Brasil de verdade. O Brasil que vê a gasolina chegar a 7 reais, o dólar valorizado em excesso e a redução de expectativas. Uma crise que, infelizmente, é superdimensionada nas redes sociais, que, apesar de amplificar a democracia, estimula excitações e excessos”, disse. Em tom mais duro, o presidente do STF, ministro Luiz Fux, disse que ninguém fechará STF e que desrespeitar decisões judiciais configura crime de responsabilidade. “O STF não tolerará ameaças à autoridade de suas decisões. Se o desprezo a decisões judiciais ocorre por iniciativa do chefe de qualquer um dos Poderes, essa atitude, além de representar um atentado à democracia, configura crime de responsabilidade a ser analisado pelo Congresso Nacional”, declarou Fux no início da sessão desta quarta.
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