Dólar fecha semana com alta de 1% com temor internacional e risco fiscal; Bolsa cai
Decepção com dados da criação de postos de trabalho nos Estados Unidos puxam o câmbio para baixo nesta sexta-feira
Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro fecharam esta sexta-feira, 7, no campo positivo. No acumulado da semana, no entanto, o clima de cautela global e o aumento do temor com as contas públicas domésticas fizeram com que o dólar fechasse em valorização de 1% acima do real, enquanto o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores, registrasse retração de 2%. O câmbio encerrou a última sessão da semana com queda de 0,85%, cotado a R$ 5,632. A divisa chegou a bater a máxima de R$ 5,710, enquanto a mínima não passou de R$ 5,620. O dólar fechou a véspera com queda de 0,56%, a R$ 5,679. O Ibovespa fechou a primeira sexta-feira da semana com alta de 1,1%, aos 102.719 pontos. O pregão desta quinta-feira, 6, terminou com a valorização de 0,55% do índice, aos 101.561 pontos.
Os negócios nesta sexta-feira foram impactados pela criação de empregos nos Estados Unidos aquém do esperado pelo mercado. Segundo dados do Departamento do Trabalho, foram criadas 199 mil vagas de trabalho em dezembro, bastante abaixo da abertura de mais de 400 mil postos estimado pelos analistas. Ainda na pauta internacional, a semana foi marcada pelo tom mais duro do que o esperado do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos EUA, sobre mudanças na política monetária. A autarquia sinalizou que pode acelerar o aumento dos juros em 2022 em meio uma inflação que já não é mais considerada temporária. O movimento deve atrair dólares para o Tesouro norte-americano, considerado um dos ativos mais seguros do mundo, refletindo na saída da divisa de mercados menos sólidos, como o brasileiro e demais emergentes.
No cenário doméstico, investidores acompanharam ao longo da semana as mobilizações por reajustes salariais de diversas categorias da administração federal após o governo ter concedido aumento para servidores da segurança pública. Caso as demandas sejam atendidas, a União vai precisar romper o teto de gastos — a principal âncora fiscal da economia brasileira —, o que deve levar ao aumento da percepção de descontrole dos gastos públicos às vésperas da eleição. Técnicos do Ministério da Economia afirmaram que o presidente Jair Bolsonaro (PL) estava ciente dos reflexos que a aprovação da medida teria nos indicadores. Apesar de se posicionar contrária, a equipe econômica enxerga nas mobilizações uma forma de pressionar o Congresso a aprovar a reforma administrativa em 2022. A medida, no entanto, é rechaçada por parlamentares da base aliada do governo e da oposição.
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