Dólar passa de R$ 5,40 com discussões sobre auxílio emergencial e risco fiscal
Governo cede à pressão do Congresso e admite volta do benefício com valor reduzido para 32 milhões de brasileiros; Ibovespa opera em queda
O mercado financeiro brasileiro mantém cautela nesta terça-feira, 9, com investidores acompanhando as discussões para a volta do auxílio emergencial e os impactos no risco fiscal. Também gera apreensão o acumulado de 4,56% da inflação nos últimos 12 meses, acima do centro da meta de 3,75%, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta manhã. Diante deste cenário, próximo das 11h, o dólar avançava 0,69%, a R$ 5,410. A divisa chegou a bater R$ 5,432 enquanto a mínima não passou de R$ 5,361. Na véspera, a moeda fechou com queda de 0,20%, a R$ 5,372. O Ibovespa operava com recuo de 0,31%, aos 119.325 pontos. Nesta segunda-feira, 8, o pregão encerrou com queda de 0,45%, aos 119.696 pontos.
O governo federal não conseguiu segurar a pressão do Congresso e já admite a volta do auxílio emergencial. A expectativa é que a nova rodada seja de R$ 200, paga para aproximadamente 32 milhões de brasileiros por três meses. Apesar do Ministério da Economia ressaltar que a medida deve ser consequência da aprovação de medidas que liberem o orçamento e criem gatilhos para o corte de despesas, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse que “não se pode condicionar novas rodadas de auxílio à aprovação de propostas de ajuste fiscal”, como a PEC Emergencial. Para ele, “a emergência e a urgência” do momento “não podem esperar”. Ele defende um acordo com o governo para que, futuramente, o Congresso aprove medidas de controle dos gastos públicos. Artur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, afirmou nesta segunda-feira que o tema ainda está sendo discutido pela equipe econômica e que é preciso ter compromisso com a responsabilidade fiscal. Em cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro disse que está negociando o tema com ministros, e se mostrou preocupado com o endividamento do governo. “Sabemos que estamos no limite do nosso endividamento e devemos nos preocupar com isso. Temos um cuidado muito grande com o mercado, com os investidores e com os contratos que devem ser respeitados. Nós não podemos quebrar nada disso, caso contrário não teremos como garantir que o Brasil será diferente lá na frente”, disse.
Investidores também analisam os números sobre a inflação divulgados pelo IBGE. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), perdeu fôlego neste inicio de ano e fechou janeiro com alta de 0,25%, ante avanço de 1,35% em dezembro de 2020. O indicador oficial da inflação brasileira acumula alta de 4,56% nos últimos 12 meses, acima do centro da meta de 3,75% — com margem para variar entre 2,25% e 5,25%. Este é o menor valor para o IPCA desde agosto de 2020 e quebra a sequência de quatro meses de alta escalonada. Os alimentos continuam como principal fator de pressão inflacionária, apesar de alta menos intensa do que a registrada nos meses anteriores. Além disso, a mudança de bandeira nas contas de energia elétrica e as quedas nos preços de passagens aéreas ajudaram a segurar a inflação em janeiro. O IPCA-15, considerado a prévia da inflação, avançou 0,78% no mês passado, após registar alta de 1,06% em dezembro de 2020. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), considerado a inflação dos mais pobres, teve alta de 0,27% em janeiro, abaixo dos 1,46% registrados no mês anterior. Em 12 meses, o índice acumula alta de 5,53%.
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