Dólar sobe e fecha semana a R$ 5,47 após euforia com eleições nos EUA e vacina

Turbulências no cenário doméstico mudaram humor dos investidores; Bolsa mantém alta e encerra aos 104 mil pontos

  • Por Jovem Pan
  • 13/11/2020 18h22
Agência Brasil Imagem desfocada de duas notas de US$ 100 Dólar recua em meio ao alívio dos investidores com o risco de crise gerada pela empreiteira chinesa Evergrande

Após um início de semana eufórico com a eleição de Joe Biden à Presidência dos Estados Unidos e anúncio da Pfizer de que a sua vacina alcança 90% de eficácia, o mercado financeiro recuou no otimismo diante das turbulências no cenário doméstico e avanço da pandemia do novo coronavírus na Europa e América do Norte. O dólar encerrou esta sexta-feira, 13, praticamente estável, com alta de 0,07%, a R$ 5,475. Na segunda-feira, 9, a moeda chegou ao piso de R$ 5,225. A divisa americana acumula alta de 1,4% na semana, enquanto recua 5% desde o início de novembro. Já a Bolsa de Valores brasileira fechou a semana em alta. O Ibovespa, o principal índice da B3, encerrou esta sexta com avanço de 2,08%, aos 104.597 pontos. Na terça, 10, o índice fechou acima dos 105 mil pontos, após avançar 1,5% em meio ao clima otimista.

Se o cenário internacional empurrou os índices para cima no início da semana passada, o resultado das eleições municipais neste domingo deverão ditar o humor dos investidores na próxima segunda-feira. Para André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, caso os candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), principalmente em São Paulo, na figura de Celso Russomanno (Republicanos) e no Rio de Janeiro, com Marcelo Crivella (Republicanos), não passem para o segundo turno, a tendência é de um início de semana com estresse no mercado. “O presidente já está fragilizado politicamente, e caso os seus candidatos percam, pode ficar ainda pior. Esse enfraquecimento pode levar a ações mais populistas, e isso cria aversão nos investidores”, afirma.

O cenário político nacional também foi um dos principais fatores para a inversão do humor no mercado nesta semana. Na terça-feira, o presidente voltou a criar polêmicas ao afirmar que o Brasil tem que “deixar de ser um país de maricas” diante do avanço da pandemia do novo coronavírus. No mesmo evento, o presidente afirmou que “quando acabar a saliva, tem que ter pólvora”, se referindo aos supostos interesses de Biden na região da Amazônia. Ainda na terça, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o país corre risco de hiperinflação caso não consiga rolar a dívida pública de maneira suave. Os ânimos voltaram a ficar à flor da pela nesta quinta, depois que Guedes afirmou que o governo pretende estender o auxílio emergencial caso haja uma segunda onda de infecção do novo coronavírus no país. A fala foi amenizada nesta sexta, após o ministro afirmar que o Brasil está oficialmente saindo da recessão e reiterar o compromisso fiscal.

Para Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, a mudança de tom contribuiu com os bons resultados na bolsa nesta semana. “Além da retomada do apetite pelo risco por parte dos investidores, vale destacar que hoje tivemos mais uma sinalização positiva por parte do governo em relação ao compromisso com a situação fiscal do país. Paulo Guedes disse que não haverá populismo na definição do programa social a substituir o auxílio emergencial. Ele se comprometeu a trazer de volta ao centro do debate as reformas fiscais, o que tranquilizou o mercado”, afirma.

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