Dólar sobe e vai a R$ 5,52 por decepção com o PIB da China; Bolsa recua

Clima foi aliviado por resultados positivos na temporada de balanços corporativos; na pauta doméstica, mercado prevê PIB menor com o avanço da inflação em 2021 e 2022

  • Por Jovem Pan
  • 18/10/2021 17h30
Antara Foto/Hafidz Mubarak/via Reuters Mão segura diversas cédulas de dólar Dólar avança com pressão internacional em meio entraves da guerra no Leste Europeu

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro operaram sob forte influência do cenário internacional nesta segunda-feira, 18, com a desaceleração da economia da China no terceiro trimestre e os resultados positivos da temporada de balanços corporativos. O dólar encerrou o dia com alta de 1,21%, cotado a R$ 5,521. O câmbio chegou a bater a máxima de R$ 5,542, enquanto a mínima não passou de R$ 5,469. A sessão fechou a semana passada com queda de 1,11%, aos R$ 5,454. Seguindo as mudanças de humor nos principais mercados globais, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, reverteu parte do clima negativo da manhã e encerrou com leve queda de 0,2%, aos 114.028 pontos. O pregão de sexta-feira, 15, fechou com alta de 1,3%, aos 114.647 pontos.

O dia abriu negativo nos principais mercados com a divulgação de alta de 4,9% do Produto Interno Bruto (PIB) da China no terceiro trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado, abaixo da expectativa de avanço de até 5,2% do mercado financeiro. O resultado veio bastante abaixo do crescimento de 7,9% no segundo trimestre, em comparação com abril a junho de 2020, e indica a desaceleração da segunda maior economia do mundo. O desempenho entre julho e outubro pressiona ainda mais a economia chinesa, já impactada pela crise energética e o risco de colapso da Evergrande, uma das maiores construtoras do país. O clima negativo foi aliviado no decorrer do dia com a publicação de resultados positivos da temporada de balanços corporativos, como Netflix e Tesla.

Na pauta doméstica, o mercado financeiro revisou para cima a projeção para a inflação em 2021 e 2022, enquanto passou a ver o crescimento mais fraco da economia brasileira, mostrou o Boletim Focus. A mediana para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou para 8,69% neste ano, ante previsão de 8,59% na edição passada. Foi a 28ª semana seguida de aumento da perspectiva. O BC persegue a meta inflacionária de 3,75% neste ano, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 2,25% e 5,25%. A constante revisão do índice já contamina as expectativas para 2022. As fontes do BC esperam que a inflação encerre o ano que vem com alta de 4,18%, ante 4,17% na semana passada. Foi a 13ª edição consecutiva com aumento. Para 2022, a autoridade monetária nacional persegue a meta de 3,5%, com variação entre 2% e 5%. A pesquisa com mais de uma centena de bancos, corretoras e instituições também mostrou a piora da perspectiva de recuperação da econômica doméstica. A estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2021 foi rebaixada para alta de 5,01%, contra a estimativa de 5,04% das últimas semanas. Para 2022, a previsão passou para recuperação de 1,50%, ante 1,54% na edição passada.

Ainda na pauta doméstica, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta segunda-feira que a extensão do auxílio emergencial e medidas para baratear o preço do diesel devem ser resolvidas nesta semana. Os dois temas são caros ao governo por impactarem diretamente bases de apoio do chefe do Executivo. A prorrogação do benefício pago aos mais vulneráveis divide alas do governo pela falta de recursos definidos. O programa encerra no fim deste mês e deveria ser sucedido pelo Auxílio Brasil, uma versão mais turbinada do Bolsa Família. A indefinição da origem do dinheiro para custeio, no entanto, travou o lançamento do projeto. Em setembro, o governo federal aumentou a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para custear o Auxílio Brasil em novembro e dezembro. Para bancar em 2022, a União conta com a aprovação da reforma do Imposto de Renda, no Senado, e a definição dos precatórios pela Câmara para carimbar a origem dos recursos e abrir espaço no teto e gastos, respectivamente. O ministro da Cidadania, João Roma, afirmou neste domingo, 17, que o benefício deve contemplar 17 milhões de pessoas — ante 14 milhões do Bolsa Família —, com parcelas de R$ 300, contra os atuais pagamentos de R$ 190.

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