Dólar sobe e vai a R$ 5,52 por decepção com o PIB da China; Bolsa recua
Clima foi aliviado por resultados positivos na temporada de balanços corporativos; na pauta doméstica, mercado prevê PIB menor com o avanço da inflação em 2021 e 2022
Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro operaram sob forte influência do cenário internacional nesta segunda-feira, 18, com a desaceleração da economia da China no terceiro trimestre e os resultados positivos da temporada de balanços corporativos. O dólar encerrou o dia com alta de 1,21%, cotado a R$ 5,521. O câmbio chegou a bater a máxima de R$ 5,542, enquanto a mínima não passou de R$ 5,469. A sessão fechou a semana passada com queda de 1,11%, aos R$ 5,454. Seguindo as mudanças de humor nos principais mercados globais, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, reverteu parte do clima negativo da manhã e encerrou com leve queda de 0,2%, aos 114.028 pontos. O pregão de sexta-feira, 15, fechou com alta de 1,3%, aos 114.647 pontos.
O dia abriu negativo nos principais mercados com a divulgação de alta de 4,9% do Produto Interno Bruto (PIB) da China no terceiro trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado, abaixo da expectativa de avanço de até 5,2% do mercado financeiro. O resultado veio bastante abaixo do crescimento de 7,9% no segundo trimestre, em comparação com abril a junho de 2020, e indica a desaceleração da segunda maior economia do mundo. O desempenho entre julho e outubro pressiona ainda mais a economia chinesa, já impactada pela crise energética e o risco de colapso da Evergrande, uma das maiores construtoras do país. O clima negativo foi aliviado no decorrer do dia com a publicação de resultados positivos da temporada de balanços corporativos, como Netflix e Tesla.
Na pauta doméstica, o mercado financeiro revisou para cima a projeção para a inflação em 2021 e 2022, enquanto passou a ver o crescimento mais fraco da economia brasileira, mostrou o Boletim Focus. A mediana para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou para 8,69% neste ano, ante previsão de 8,59% na edição passada. Foi a 28ª semana seguida de aumento da perspectiva. O BC persegue a meta inflacionária de 3,75% neste ano, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 2,25% e 5,25%. A constante revisão do índice já contamina as expectativas para 2022. As fontes do BC esperam que a inflação encerre o ano que vem com alta de 4,18%, ante 4,17% na semana passada. Foi a 13ª edição consecutiva com aumento. Para 2022, a autoridade monetária nacional persegue a meta de 3,5%, com variação entre 2% e 5%. A pesquisa com mais de uma centena de bancos, corretoras e instituições também mostrou a piora da perspectiva de recuperação da econômica doméstica. A estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2021 foi rebaixada para alta de 5,01%, contra a estimativa de 5,04% das últimas semanas. Para 2022, a previsão passou para recuperação de 1,50%, ante 1,54% na edição passada.
Ainda na pauta doméstica, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta segunda-feira que a extensão do auxílio emergencial e medidas para baratear o preço do diesel devem ser resolvidas nesta semana. Os dois temas são caros ao governo por impactarem diretamente bases de apoio do chefe do Executivo. A prorrogação do benefício pago aos mais vulneráveis divide alas do governo pela falta de recursos definidos. O programa encerra no fim deste mês e deveria ser sucedido pelo Auxílio Brasil, uma versão mais turbinada do Bolsa Família. A indefinição da origem do dinheiro para custeio, no entanto, travou o lançamento do projeto. Em setembro, o governo federal aumentou a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para custear o Auxílio Brasil em novembro e dezembro. Para bancar em 2022, a União conta com a aprovação da reforma do Imposto de Renda, no Senado, e a definição dos precatórios pela Câmara para carimbar a origem dos recursos e abrir espaço no teto e gastos, respectivamente. O ministro da Cidadania, João Roma, afirmou neste domingo, 17, que o benefício deve contemplar 17 milhões de pessoas — ante 14 milhões do Bolsa Família —, com parcelas de R$ 300, contra os atuais pagamentos de R$ 190.
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