Dólar vai a R$ 5,59 com PEC dos Precatórios no radar; Bolsa sobe
Texto que autoriza o adiamento do pagamento de dívidas da União e mudanças no teto de gastos deve ser votado em segundo turno na Câmara nesta terça-feira
Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro operam em alta nesta segunda-feira, 8, com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios no radar dos investidores. O texto que autoriza o adiamento do pagamento das contas da União e muda regras do teto de gastos foi aprovado em primeiro turno na Câmara dos Deputados na semana passada, e deve ser colocado novamente em votação nesta terça-feira, 9. Caso aprovada, a medida segue para o Senado. Por volta das 12h20, o dólar operava com alta de 0,54%, cotado a R$ 5,552. O câmbio chegou a bater a máxima de R$ 5,597, enquanto a mínima não passou de R$ 5,549. A divisa norte-americana fechou a sexta-feira, 5, com queda de 1,48%, a R$ 5,522. O Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira — que a partir de hoje encerra o pregão às 18h seguindo o fim do horário de verão nos Estados Unidos —, operava com alta de 0,59%, aos 105.336 pontos. O pregão encerrou a semana passada com avanço de 1,34%, aos 104.824 pontos.
Investidores seguem acompanhando os desdobramentos em Brasília para a aprovação da PEC dos Precatórios. O texto passou na Câmara na quarta-feira, 21, com uma margem estreita de apenas quatro votos. Enquanto a base do governo busca meios de ampliar a vantagem de votos, a oposição se mobiliza para reverter o resultado no segundo turno. Em entrevista à Jovem Pan de Curitiba nesta manhã, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), afirmou que espera a vitória na Câmara, mas reconhece que o texto deve sofrer resistência no Senado. A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, embaralhou as tratativas durante o fim de semana ao exigir a suspensão do pagamento das emendas de relator no Orçamento da União, chamadas de “orçamento secreto“. A liminar será analisada em julgamento do plenário virtual nesta terça-feira, 9. Diferentemente das emendas individuais de deputados e senadores, elas não seguem critérios usuais de transparência e são definidas com base em acertos informais entre o Palácio do Planalto e parlamentares aliados. Parlamentares da oposição denunciam a prática e afirmam que esta prerrogativa tem sido utilizada pelo governo Bolsonaro para “comprar apoio” dos deputados. Na decisão, a ministra determinou que os pagamentos sejam publicizados e afirmou que “há uma duplicidade de regimes de execução das emendas parlamentares”. O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL) irá se reunir, às 17h desta segunda-feira, 8, com o presidente do STF, Luiz Fux, para tratar da decisão.
Ainda na pauta doméstica, mercado financeiro voltou a revisar para baixo a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e de 2022, ao mesmo tempo que reforçou a estimativa de alta da inflação e na taxa Selic, segundo o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central (BC). A mediana para o desempenho da economia passou para alta de 4,93% em 2021, ligeiramente abaixo da expectativa de 4,94% na semana passada, na quarta queda seguida da projeção. Para 2022, os analistas consultados pelo BC rebaixaram a estimativa com o PIB para 1%, contra projeção de 1,20% da edição anterior. A mudança na expectativa segue a tendência de bancos, casas de análises e outras instituições de mudar para baixo as projeções da economia no próximo ano. O Boletim Focus também mostra nova expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial da inflação brasileira. Para este ano, a projeção foi a 9,33%, contra 9,17% na edição passada. Foi a 31ª semana seguida de revisão para cima. O Banco Central tem meta inflacionária da 3,75% neste ano, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 2,25% e 5,25%. Já para 2022, o mercado estima que o IPCA alcance 4,63%. Na semana anterior, a mediana apontava para alta de 4,55%. No ano que vem, a autoridade monetária deve perseguir a meta de 3,5%, com variação entre 2% e 5%. A aceleração da inflação levou o mercado a estimar aumento da taxa de juros em 2022. Agora, os analistas esperam que a Selic encerre o ano que vem a 11%, contra projeção de 10,25% na semana passada. Para 2021, o Boletim Focus manteve a estimativa de 9,25%. O Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a escalada dos juros em outubro ao acrescentar 1,5 ponto e elevar a Selic a 7,75% ao ano.
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