Guedes diz que fala sobre ‘filho do porteiro’ foi crítica a universidades privadas
Em audiência na Câmara, ministro afirmou que comentário foi feito em contexto de elogio ao Fies
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira, 11, que a fala sobre “o filho do porteiro frequentar a universidade” foi uma crítica a instituições privadas, sobretudo as “caça-níqueis”. Segundo Guedes, o porteiro do seu prédio mostrou um comprovante de que o filho havia sido aprovado em uma universidade, mas com média zero. “Ele me falou: ‘Como é que eu vou pagar essa faculdade, será que é um caça-níquel? Será que vale a pena?’. Até que nós falamos de bolsa, tem Fies, tem outras ferramentas”, disse. Segundo o ministro, as críticas ao seu comentário são uma tentativa de “criar um personagem que não existe.” “Eu contei um fato real, e estava criticando um setor privado. Você vê como tem um viés analítico, militante, que na verdade impede a clareza. Eu tinha elogiado o Fies”, afirmou.
Em participação em uma audiência pública da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara para debater a reforma tributária, Guedes afirmou que a história foi dita em um contexto onde o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, questionava sobre como a iniciativa privada poderia ajudar no combate à pandemia do novo coronavírus. “Eu disse que o setor privado acabou ajudando no ensino superior quando houve a desregulamentação. Entraram muitos investimentos, e hoje 75%, 76% do ensino superior já é privado”, disse. Segundo o ministro, o sistema do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) deve ser direcionado para estudantes que possuem condições financeiras para arcar com o endividamento. “Eu estava falando que preferia um voucher, porque o jovem, pobre, que tirou zero em um exame e entrou, ele vai depender de fazer um curso, depois conseguir emprego e já começa a vida endividado”.
Guedes também rebateu as críticas sobre a sua fala, em julho de 2019, afirmando que o preço do gás poderia ter redução de 40% caso houvesse a abertura do mercado, projeto que foi aprovado pelo Congresso em março deste ano e sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no início de abril. “Como vocês queriam que o gás caísse 40% se isso ficou parado um ano no Congresso?”, questionou o ministro. “Eu não culpei o Congresso, não xingo ninguém, não reclamo de nada. Entendo que foi o Covid”, afirmou. O ministro voltou a citar que o ritmo das reformas é ditado pelos parlamentares. “Eu caí nessa antes, de combinar algumas reformas, achar que vão ser aprovadas e falar: ‘Olha, dentro de tanto tempo vai acontecer tal coisa’. Não faço mais previsões, porque eu respeito o timing da política”.
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