Guedes diz que volta do auxílio travará custos em saúde, educação e segurança

Ministro da Economia afirma que governo federal está preparado para enfrentar o aumento da pandemia e defende imunização de idosos para derrubar taxa de mortalidade

  • Por Jovem Pan
  • 26/01/2021 13h34
Edu Andrade/Ascom/ME Ministro da Economia, Paul Guedes, defendeu a volta do auxílio emergencial para combater a Covid-19 Ministro da Economia, Paul Guedes, defendeu a volta do auxílio emergencial para combater a Covid-19

O ministro da Economia, Paulo Guedes, condicionou nesta terça-feira, 26, a volta do auxílio emergencial a cortes em outras áreas, como saúde, educação e segurança pública. Segundo o chefe da equipe econômica, o governo reconhece a volta do benefício ciente caso haja aumento no número de mortos por Covid-19, mas que a medida  demandará sacrifícios. “Quer criar o auxílio emergencial de novo? Tem que ter muito cuidado, pensa bastante. Se fizer isso, não pode ter aumento automático de verbas para educação, para segurança pública, porque toda a prioridade passou a ser absoluta, é uma guerra. Se apertar o botão ali, vai ter que travar todo o resto.” Ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, Guedes comparou o combate à pandemia do novo coronavírus aos esforços de uma guerra. “Pegar o dinheiro e sair correndo é fácil. Agora tem que pagar, tem que ter sacrifícios impostos. Quando se tá em guerra, não é só receber armamento, é também pagar o armamento. E a população tem o custo de não ver as outras despesas crescendo, porque você está devotando tudo ao combate, ao auxílio emergencial”, afirmou.

O próprio ministro já havia decretado o encerramento do benefício no fim do ano passado, mas o assunto voltou a pressionar o governo diante do recrudescimento da pandemia e adoção de medidas de isolamento social mais severas. Pessoas ligadas ao Executivo afirmaram que a equipe econômica irá apresentar o projeto de ampliação do Bolsa Família logo após a definição dos novos presidentes da Câmara e do Senado, marcada para 1º de fevereiro. A proposta visa expandir o número de famílias beneficiadas, mas deve manter o valor médio de R$ 190 por mês. Segundo dados do Ministério da Cidadania, mais de 14,2 milhões de famílias receberam o benefício em janeiro. Em agosto do ano passado, o governo havia definido o envio de R$ 34,8 bilhões para o financiamento do Bolsa Família em 2021. A proposta em análise prevê cortes em outras áreas para fortalecer o caixa do benefício.

Guedes também voltou a defender a vacinação como fator determinante para a retomada da economia brasileira. O ministro citou o exemplo de Israel e disse que os esforços deveriam estar voltados à imunização de idosos, que, segundo o ministro, representam 15% da população brasileira. “Se focalizarmos a vacinação em massa nesse segmento específico, pronto, a coisa desce, tá controlado e o Brasil segue a vida normal”, disse. O ministro ainda citou a experiência do governo no combate ao novo coronavírus e afirmou que o Brasil está preparado para seguir no enfrentamento. “Se a pandemia faz uma segunda onda, e ficamos com 1,5 mil, 1,6 mil, 1,3 mil mortes, saberemos agir com o mesmo tom decisivo que agimos no ano passado. Mas temos que observar se esse é o caso ou não. E se for ao contrário, as mortes descem, a vacinação em massa entra e a economia está de volta circulando, o correto é prosseguir com as reformas.”

O chefe da equipe econômica participou da abertura de um evento promovido pelo banco Credit Suisse e falou para investidores brasileiros e internacionais. O ministro ainda citou que a economia brasileira pode cresce 5% em 2021 e manter ritmo de alta de 4% pelos próximos anos. O tom é menos otimista do exposto por Bolsonaro pouco antes, que prevê alta de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. “Se abandonarmos essa psicologia suicida, essa psicologia derrotista, esse descredenciamento da democracia brasileira, essa vontade de ganhar de qualquer forma o poder político, descredenciando o algoritmo político”, afirmou. Sem citar nomes, o ministro voltou a criticar agentes políticos que estão “subindo em cadáveres” para se promover em meio a pandemia. “A votação é daqui a dois anos, não sobe em cadáver agora. Daqui a dois anos você vem com o seu recado”, afirmou.

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