Guedes sugere criar Ministério do Patrimônio da União para gerir estatais

Ministro da Economia defende que o Executivo se desfaça de empresas públicas para financiar programas sociais e diz que o governo deve avançar no programa de privatização ‘sob o risco de perder apoio do centro’

  • Por Jovem Pan
  • 01/12/2021 12h28 - Atualizado em 01/12/2021 12h34
FREDERICO BRASIL/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Paulo Guedes em frente um painel azul Ministro afirmou que não vai interferir nos debates do Congresso sobre fixar preço do ICMS

Ministro da Economia, Paulo Guedes sugeriu nesta quarta-feira, 1º, a criação do Ministério do Patrimônio da União para o gerenciamento de estatais, imóveis públicos e recebíveis. Atualmente, a equipe econômica é responsável pelos ativos públicos. “Eu já falei com o presidente e estou propondo: para o novo governo, tem que existir o Ministério do Patrimônio da União. Ele tem R$ 2 trilhões, R$ 3 trilhões, fora os R$ 2 trilhões de recebíveis. O Estado tem R$ 4 trilhões, R$ 1 trilhão em imóveis, R$ 1 trilhão  em estatais, R$ 2 trilhões de recebeis, uma fortuna incalculável”, afirmou Guedes durante um evento do Ministério da Economia. Segundo o chefe da equipe econômica, o Estado brasileiro deve se desfazer de ativos para o financiamento de programas sociais. “Tem um negócio chamado fundo de erradicação da pobreza, sem dinheiro, sem gasolina. Enche o tanque do fundo. Vende alguns ativos aqui e enche o tanque do fundo.” Em uma série de críticas às estatais, o ministro da Economia ainda afirmou que o governo deve manter o programa de privatização “sob risco perder apoio do centro”. “Se a gente não privatizar, não vender, as pessoas vão falar ‘Por que nós vamos votar, vai ficar tudo parado do mesmo jeito que era?'”, disse.

Em críticas direcionadas aos Correios e à Petrobras, o responsável pela política econômica afirmou que as estatais podem se tornar obsoletas em pouco tempo. “Os Correios vão ter que virar uma empresa de logística, e, pior, vende rápido porque tem o risco de daqui a 2, 3 anos estar irrelevante”, disse. O mesmo exemplo se aplica à petrolífera. “Daqui a 5, 10 ,15 anos, o mundo vai fazer a transição para fora do petróleo, vai embora para o carro elétrio, para outras coisas”, afirmou o ministro, citando os investimentos que países do Oriente Médio fizeram para a transformação da região. “Até os Emirados [Árabes] fizeram melhor. Tiraram o petróleo do chão, colocaram em cima das areias do deserto e criaram uma cidade futurística.” Guedes afirmou que as empresas públicas são legado do governo dos militares, mas se transformaram em focos de corrupção e foram aparelhadas politicamente. O ministro também criticou o fato do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) manter uma carteira de ativos. “Eu prefiro vender essas ações, pegar esse dinheiro e transformar em uma estrada, em uma ferrovia, vamos fazer os investimentos”, disse. O chefe da equipe econômica também citou que a transferência desse capital público para ações do governo devem pautar a campanha eleitoral. “Durante a campanha nos vamos trabalhar esses temas, como erradicar a pobreza, como reduzir o endividamento e baixar as taxas de juros do Brasil”, afirmou.

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