Inflação sobe 0,93% em março e estoura o teto da meta do BC

Avanço é o maior para o mês em 6 anos; nos últimos 12 meses, IPCA acumula alta de 6,1%, acima do limite de 5,25% da autoridade monetária para 2021

  • Por Jovem Pan
  • 09/04/2021 09h20 - Atualizado em 09/04/2021 09h51
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Marcelo Camargo / Agência Brasil Alta dos combustíveis ocorre em meio ao encarecimento do barril de petróleo no mercado internacional Alta dos combustíveis ocorre em meio ao encarecimento do barril de petróleo no mercado internacional

Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou novo avanço em março com alta de 0,93%, ante avanço de 0,86% em fevereiro, segundo números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 9. O indicador oficial da inflação brasileira acumula alta de 6,1% nos últimos 12 meses, acima do teto da meta de 5,25% perseguida pelo Banco Central para 2021, com centro de 3,75% e piso de 2,25%. Caso a meta não seja cumprida, o presidente do BC deve explicar as razões e apontar soluções para a normalização do índice. Assim como no mês passado, o encarecimento dos combustíveis (11,23%) foi o principal responsável pelo aumento do índice, puxando o setor de transportes para alta de 3,81% em março, ante 2,28% em fevereiro. No ano, a inflação acumula alta de 2,05%. Este foi o maior avanço para o mês de março desde 2015, quando o IPCA registrou alta de 1,32%. No mesmo mês em 2020, o índice foi de 0,07%. O IPCA-15, considerado a prévia da inflação, avançou 0,95% no mês passado, após alta 0,48% em fevereiro. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), visto como a inflação dos mais pobres, foi a 0,86% em março, acima do avanço de 0,82% registrado no mês anterior. Em 12 meses, o índice acumula alta de 6,94%.

Com alta de 11,26% gasolina foi, individualmente, o item que mais impactou o índice no mês. “Foram aplicados sucessivos reajustes nos preços da gasolina e do óleo diesel nas refinarias entre fevereiro e março e isso acabou impactando os preços de venda para o consumidor final nas bombas. A gasolina nos postos teve alta de 11,26%, o etanol, de 12,59% e o óleo diesel, de 9,05%. O mesmo aconteceu com o gás, que teve dois reajustes nas refinarias nesse período, acumulando alta de 10,46%, e agora o consumidor percebe esse aumento”, afirma o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov. O segundo maior impacto sobre o IPCA veio do grupo de habitação, com alta de 0,81%, puxada principalmente pelo avanço de 4,98% do botijão de gás, que acumula crescimento de 20,01% nos últimos 12 meses.

A alimentação, que foi a grande vilã do IPCA em 2020, segue desacelerando e registrou avanço de 0,13% em março. As variações anteriores foram de 1,74% em dezembro, 1,02% em janeiro e 0,27% em fevereiro. “Os alimentos tiveram alta de 14,09% em 2020, mas, desde dezembro, apresentam uma tendência de desaceleração. Alguns fatores contribuem para isso, como uma maior estabilidade do câmbio e a redução na demanda por conta da suspensão do auxílio emergencial nos primeiros meses do ano”, afirma Kislanov.

A inflação fechou 2020 com alta de 4,52%, o maior valor para o IPCA desde 2016, quando o índice encerrou com alta de 6,29%. Em 2019, a variação de preços foi de 4,31%. O índice ficou acima da meta de 4% perseguida pelo Banco Central — com margem para variar entre 2,5% e 5,5%. O valor veio acima do esperado pelo mercado. Economistas e entidades consultados pelo BC estimavam que o IPCA encerrasse 2020 com alta de 4,37%, segundo o último Boletim Focus divulgado em 2020. Para este ano, os agentes econômicos projetam alta de 4,81%.

O mercado manteve a expectativa para a Selic, o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação, em 5% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu ao aumentar a taxa de juros para 2,75% na reunião finalizada em 17 de março, o primeiro movimento de alta em quase seis anos. O reajuste veio acima das expectativas do mercado, que espera alta de até 0,5 ponto percentual. O colegiado afirmou que os indicativos de recuperação da economia brasileira não justificam mais a Selic em patamar reduzido e indicou que deve repetir a dose no próximo encontro entre  4 e 5 de maio e jogar a taxa para 3,5% ao ano.

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