Investidores largam euforia e dólar vai a R$ 5,41; Bolsa interrompe sequência de alta
Após bom humor com noticiário internacional, mercado financeiro se volta para os desafios do governo em manter as contas sob controle
Depois do bom humor com o noticiário internacional que dominou o mercado financeiro brasileiro nos últimos dias, os investidores voltaram a lidar com a dura realidade local. A mudança de percepção fez o dólar fechar nesta quarta-feira, 11, com alta de 0,43%, cotado a R$ 5,416. Na máxima, a divisa norte-americana chegou a bater R$ 5,458, enquanto na mínima não passou de R$ 5,374. Na véspera, influenciada pelo alerta do ministro da Economia, Paulo Guedes, para o risco de hiperinflação, o dólar encerrou a R$ 5,393, com alta de 0,04%. Na segunda-feira, 9, a moeda chegou a bater a mínima de R$ 5,225.
A falta de perspectivas com a agenda de reformas e o desafio do governo federal em controlar os gastos público também contaminaram o clima na Bolsa de Valores brasileira. O Ibovespa, o principal índice da B3, encerrou esta quarta com queda de 0,25%, aos 104.808 pontos. O resultado interrompe a sequencia de seis pregões seguidos de avanço. Nesta terça, o Ibovespa encerrou com alta de 1,5%, acima dos 105 mil pontos.
A euforia gerada pelo resultado das eleições nos EUA e o anúncio da Pfizer sobre a eficácia de 90% da sua vacina contra o novo coronavírus começou a dar lugar aos antigos problemas domésticos, principalmente a capacidade do governo federal em controlar o avanço dos gastos públicos. O humor dos investidores também foi impactado pela divulgação do setor de varejo no mês de setembro. Apesar de apresentar a quinta alta seguida, os dados revelados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram para a desaceleração do comércio em comparação com os meses anteriores.
Os negócios também foram impactados pela falta de entendimento entre o Executivo e os parlamentares para fazer andar a agenda de reformas antes do fim do ano. Ainda não há datas definidas para debates de pontos estruturantes, como as reformas tributária e administrativa, e a discussão dos textos que criam gatilhos ao rompimento do teto de gastos. O governo articula para que ao menos parte das propostas sejam votadas neste ano, mas é pressionado pela falta de tempo entre o fim do segundo turno das eleições municipais, em 29 de novembro, até o início do recesso parlamentar, em 23 de dezembro.
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