Juros vão subir até que as expectativas de inflação sejam estabilizadas, diz Campos Neto

Presidente do Banco Central também afirma que não sabe qual será a taxa no fim do ciclo de alta da Selic

  • Por Jovem Pan
  • 16/12/2021 14h01
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DIDA SAMPAIO/ ESTADÃO CONTEÚDO Roberto Campos Neto fala em frente um fundo azul Presidente do BC, Roberto Campos Neto, negou que o PIX prejudique as instituições bancárias

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reforçou nesta quinta-feira, 16, que a trajetória de alta dos juros será mantida até que as expectativas para a inflação no horizonte relevante, que inclui os anos de 2022 e 2023, sejam ancoradas. “Entendemos que é muito importante avançar nesse processo de normalização, é muito importante passar a mensagem de que nós vamos perseguir a meta, e que o processo vai se estender até quando as expectativas fiquem ancoradas”, disse ao comentar os resultados do Relatório Trimestral da Inflação (RTI), divulgado nesta manhã. Segundo o chefe da autoridade monetária, a ancoragem das projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é “o melhor remédio que vai gerar soluções de longo prazo”, mesmo que isso aumente a distância dos juros no campo contracionista, ou seja, quando dificultam as atividades econômicas. “Vamos passar por um processo onde, sim, vai ter uma elevação de juros com um crescimento na margem que não é muito elevado, mas entendemos que se isto for feito de uma forma para ter credibilidade e transparência, este é o melhor remédio para maximizar o que entendemos que são as condições ideais de crescimento futuro.”

O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou os juros a 9,25% ao ano no último encontro de 2021, e precificou nova alta de 1,5 ponto percentual na primeira reunião do próximo ano, entre os dias 1º e 2 de fevereiro, jogando a taxa para 10,75%. O BC projeta manter a elevação até a Selic ir para 11,75% ao longo de 2022, terminando o ano em 11,25%. Para 2023, o BC prevê a Selic a 8% ao ano. Na apresentação dos dados, no entanto, Campos Neto afirmou que não sabe qual a taxa no final do ciclo de alta. “Entendemos que tem um movimento mais persistente [de inflação], pode demandar um ciclo mais longo. Esse é um tema de decisão de cada reunião do Copom”, afirmou. “Temos tido uma volatilidade dos dados de curto prazo muito grande, e temos tentado abstrair o ruído do curto prazo e tentando categorizar o que de fato tem acontecido de estrutural na inflação.”

A sequência de alta dos juros gerou críticas de grandes setores da economia, como a indústria e o comércio, que afirmaram o grande impacto das taxas elevadas na capacidade de investimento e consumo das famílias. Segundo Campos Neto, a resposta na elevação da Selic está relacionada ao grau de memória da inflação de cada país. Ele também explicou que o responsável pela política monetária pode cometer dois erros no processo de calibragem dos juros. “Um, subir os juros demais e chegar a conclusão de que poderia ter feito a conversão da inflação de forma mais suave. O outro tipo de erro é subir de menos e ter que enfrentar uma desancoragem muito mais persistente e definitiva. E, nesse caso, os exemplos brasileiros mostram que você tem que colocar o país em recessão para recuperar a credibilidade.”

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