Mercado reduz expectativa da inflação em 2021 após 35 semanas e vê juros mais altos em 2022

Pesquisa do Banco Central também mostra corte para a estimativa do PIB neste ano e no próximo

  • Por Jovem Pan
  • 13/12/2021 11h24 - Atualizado em 13/12/2021 11h26
EDUARDO DUARTE / ESTADÃO CONTEÚDO Retrato do edifício sede do Banco Central, em Brasília Pesquisa organizada pelo Banco Central indica nova alta para a projeção da inflação

Depois de 35 semanas consecutivas de alta, o mercado financeiro revisou para baixo a expectativa para a inflação em 2021, mas manteve a previsão para o ano que vem acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central (BC), segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 13. A pesquisa feita pela autoridade monetária com mais de uma centena de bancos, casas de investimentos e instituições também mostrou novos cortes nas projeções da recuperação econômica neste ano e no próximo, além da elevação da estimativa dos juros em 2022. A projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o medidor oficial da inflação doméstica, recuou para 10,05% ao fim deste ano, contra previsão de 10,18% na semana passada. O indicador registrou alta de 0,95% em novembro, ante avanço de 1,25% em outubro, mas acelerou para 10,74% no acumulado de 12 meses, o mais expressivo em 18 anos, contra os 10,67% registrados no mesmo período encerrado no mês anterior. O BC já descartou cumprir a meta de 3,75% da inflação deste ano, com variação entre 2,25% e 5,25%. Para 2022, o mercado financeiro estabilizou a previsão em 5,02%, o mesmo da semana anterior. A expectativa ultrapassa o teto da meta de 5% perseguida pela autoridade monetária, com centro de 3,50% e mínimo de 2%.

O mercado financeiro também revisou para cima a expectativa para a taxa básica de juros da economia, prevendo que a Selic encerre o ano que vem a 11,50%. Na semana anterior, a previsão apontava para o fim do ciclo de alta em 11,25%. A revisão ocorreu após o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC fazer novo aumento de 1,5 ponto percentual nos juros e elevar a taxa para 9,25% ao ano no último encontro de 2021. O colegiado já deixou encomendada nova alta de mesma magnitude na primeira reunião de 2022, marcada para os dias 1º e 2 de fevereiro, aumentando os juros para 10,75% ao ano. O aperto da política monetária ocorre em meio à desancoragem das expectativas para a inflação em 2022, com o BC também já de olho no comportamento das pressões inflacionárias em 2023. A nova escalada gerou críticas de grandes setores da economia, como o varejo e a indústria, que afirmam que a alta está sendo feita de forma exagerada e com grande custo ao desempenho das atividades nos próximos meses.

Em reflexo ao alargamento dos juros no campo contracionista, analistas do mercado voltaram a deteriorar as expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2021 e 2022. Para este ano, a mediana do Focus estima alta de 4,65%, contra 4,71% na semana passada. Já para 2022, a estimativa para a economia foi reduzida para alta de 0,50%, levemente abaixo da previsão de 0,51% da edição passada. Os constantes cortes nas estimativas para a retomada são contestadas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Pelos dados do governo federal, o país deve registrar crescimento de 5,1% neste ano, enquanto para o ano que vem o ritmo deve ser desacelerado para avanço de 2,1%. Os analistas do mercado também subiram as expectativas para o câmbio ao fim de 2021 para R$ 5,59, a segunda semana seguida de aumento. A moeda norte-americana opera em alta nesta manhã, cotada acima de R$ 5,60. Desde janeiro, o dólar acumula alta de 8,2% ante o real.

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