Ministério corrige fala de Guedes sobre auxílio e diz que ministro se referia ao novo Bolsa Família
Chefe da equipe econômica havia afirmado mais cedo que pasta da Cidadania estenderia o auxílio emergencial; prorrogação do benefício divide opiniões no governo
Depois de o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmar na amanhã desta sexta-feira, 1º, que o governo federal vai prorrogar o auxílio emergencial, a assessoria de comunicação corrigiu a informação e disse que o chefe da equipe econômica se referia ao Auxílio Brasil, programa desenhado para substituir o Bolsa Família. “O ministro Tarcísio [da Infraestrutura] vai vender mais 22 aeroportos. O ministro Rogério Marinho [do Desenvolvimento Regional] vai terminar as obras que ficaram inconcluídas. O ministro João Roma [da Cidadania] vai estender o auxílio emergencial. Nós somos um time remando pelo Brasil”, disse Guedes em cerimônia no Palácio do Planalto. Minutos depois, a pasta buscou retratar a fala do ministro. “Em sua fala durante o evento de comemoração dos 1.000 dias de governo no Palácio do Planalto, nesta sexta-feira (01/10), o ministro falou em ‘Auxílio Emergencial’ em vez de ‘Auxílio Brasil’.”
A extensão do auxílio emergencial é um tema caro ao governo federal e aos agentes do mercado financeiro. O Executivo busca um acordo para prorrogar os pagamentos ao menos até dezembro, mas encontra resistência na equipe econômica. À Jovem Pan, auxiliares do Executivo afirmaram que o Ministério da Cidadania dialoga diretamente com pessoas próximas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e com lideranças do Congresso para estender o benefício social, que tem prazo para encerrar neste mês. As tratativas caminham na direção de acrescentar duas parcelas ao calendário, prazo visto como o suficiente para que a União consiga definir as fontes de recursos do Auxílio Brasil. Segundo as informações, a prorrogação deve manter o contingente de 39 milhões de brasileiros atualmente cadastrados, e as mensalidades de R$ 150 a R$ 375. O principal argumento da pasta da Cidadania é cobrir as cerca de 25 milhões de pessoas que não cumprem os critérios de pobreza necessários para integrar o novo programa social — previsto para abranger 17 milhões de famílias —, enquanto o país ainda lida com os reflexos da crise, como a aceleração da inflação e a manutenção da taxa de desemprego em nível elevado.
O Ministério da Economia resiste em apoiar a prorrogação por não haver o caráter de imprevisibilidade que justificaria a abertura de um novo crédito extraordinário para cobrir as despesas. Frequentemente, Guedes afirma que a economia doméstica se recuperou em “V” — quando uma forte queda é seguida por uma alta robusta —, e que a elevação na arrecadação de impostos e os números positivos na criação de vagas de trabalho com carteira assinada comprovam a retomada do crescimento. A equipe econômica também aponta a diminuição no número de mortes pela pandemia do novo coronavírus e o avanço da imunização como argumentos contrários ao alongamento do auxílio emergencial. O programa, lançado em abril de 2020, foi destinado aos mais vulneráveis e aos trabalhadores que perderam renda em meio às medidas de isolamento social impostas pela crise sanitária.
Na sua fala nesta sexta-feira, Guedes voltou a cobrar a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios e da reforma do Imposto de Renda, como forma de viabilizar o novo programa social. “Precisamos da PEC dos Precatórios, que é o que assegura o nosso espaço para os programas sociais, e precisamos do Imposto de Renda. Ou seja, quem não pagava imposto nos últimos 25 anos, os super ricos, estão tendo que botar a mão no bolso e pagar só 15%. É claro que eles também vão ter que contribuir com o Brasil. O Congresso aprovando isso, a PEC dos Precatórios, e aprovando a reforma do Imposto de Renda, nós teremos garantido o Bolsa Família subindo mais de 60%, bem mais do que subiu a comida, o combustível, tudo isso. Esse programa já está garantido, praticamente, porque eu confio no Congresso, na capacidade de entrega do Congresso brasileiro”, disse. “O Congresso não tem falhado e vai continuar apoiando o nosso governo”, acrescentou.
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