Otimistas com economia, 8% dos empresários brasileiros devem criar mais empregos no primeiro trimestre

  • Por Rafael Iglesias
  • 16/12/2018 10h18
Itaci Batista/Estadão Conteúdo Empresariado brasileiro é o 20º mais otimista do mundo para 2018

Empresários brasileiros estão otimistas em relação aos rumos que a economia vai tomar no primeiro trimestre do ano que vem. O índice positivo do mercado para o período é de 8%, considerando critérios sazonais. Isso quer dizer que, em média, 18% das empresas pretendem aumentar os recursos humanos, enquanto 11% tendem a realizar demissões. Apesar de moderado, o indicador tem um ponto percentual a mais que o previsto para o último trimestre deste ano. A taxa é, ainda, a mais alta em quatro anos.

Os números fazem parte de um levantamento realizado pelo ManpowerGroup e teve participação de 851 empresários. Para o CEO da empresa, Nilson Pereira, a melhora na confiança do mercado está ligada ao futuro presidente Jair Bolsonaro.

“Após a definição das eleições presidenciais, notamos nos empresários a expectativa de recuperação e criação de vagas de emprego”, diz. A área econômica do novo governo será comandada pelo liberal Paulo Guedes.

O otimismo em relação ao plano de gestão de Bolsonaro, entretanto, pode não se concretizar como suficiente para futuros aumentos nas contratações ou, ainda, frustrar o índice. “Ações mais concretas dependerão da capacidade do novo governo na implementação das medidas necessárias para fortalecer a economia”, pondera Pereira.

Expectativa por setor

Empresas da área de agricultura, pesca e mineração são as mais otimistas: 19% devem realizar novas contratações entre janeiro e março. Em seguida, aparece o setor do comércio, com 10%. O índice positivo de 9% é verificado nas categorias de “indústria”, “finanças, seguros e imobiliária” e “transportes e serviços públicos”, considerando a sazonalidade.

Vagas no setor de serviços devem crescer em 8% das empresas, enquanto a administração pública e área de educação tem 7% do empresariado confiante com a economia. A única área com maior parte de empregadores pessimistas é a de construção. Em vez de abrirem novas vagas, 4% deles devem realizar mais demissões do que contratações.

“É muito positivo ver a melhora significativa dos indicadores de agricultura e comércio, pois sabemos da importância de ambos para a nossa economia”, afirma Nilson Pereira, com exclusividade à Jovem Pan. “Já estamos vivenciando um aumento de vagas para o fim de ano e é possível vislumbrar um cenário mais promissor nos primeiros meses de 2019.”

Otimismo global

O índice brasileiro de 8% é o 20º mais otimista do mundo e está tecnicamente empatado com Alemanha, Irlanda e Bulgária. O país mais confiante na economia é o Japão (27%), seguido por Taiwan (21%), Estados Unidos (20%) e Eslovênia (19%). Os países mais pessimistas entre os 44 incluídos na pesquisa são Espanha (3%), Suíça (2%) e Argentina (-4%).

Segundo o ManpowerGroup, em todo o planeta, mais de 60 mil empresários responderam à pergunta “qual a sua previsão de variação no número total de colaboradores em seu local de trabalho nos próximos três meses, até o final de março de 2019, comparado ao trimestre atual?”. O resultado indica a quantidade de contratações ou demissões esperadas por eles.

Geração de empregos

Dados do Ministério do Trabalho indicam que o Brasil teve – de janeiro a outubro deste ano – mais contratações que demissões. Para 12,4 milhões de vagas extintas, 13,1 milhões de pessoas conseguiram novos registros formais, com saldo positivo de 791 mil. Em 2017, o índice foi negativo: 14,7 milhões de demitidos e 14,6 milhões de contratados.

A pasta, que foi uma das primeiras medidas criadas por Getúlio Vargas ao assumir o governo federal em 1930, será extinta em janeiro, com a posse do presidente eleito Jair Bolsonaro. As funções hoje desempenhadas pelo ministério serão distribuídas para a pasta da Cidadania (de Osmar Terra), da Justiça e Segurança Pública (Sérgio Moro) e da Economia (Guedes).

Bolsonaro também tem dito que é “muito difícil ser patrão” no Brasil, ao defender a revisão de garantias trabalhistas. “Não basta ter direitos e não ter empregos, esse é o grande problema que existe”, disse no começo do mês. Para ele, empregadores terão de ajudar a mudar a legislação. “Vão ter que entrar nessa guerra, não dá para deixar só com o governo.”

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